Sem informações concretas sobre a origem do R$ 1,75 milhão que petistas arrecadaram para comprar o dossiê Vedoin, a Polícia Federal em Mato Grosso desencadeou missão ontem que nem ela sabe se produzirá resultado. O trabalho consiste no cruzamento de dados relativos a 750 linhas telefônicas – móveis e fixas, cuja quebra de sigilo foi autorizada ontem pela Justiça Federal – com informações do sistema bancário e financeiro, inclusive do mercado de dólar.
A PF corre contra o tempo, admitiu o delegado Diógenes Curado Filho. Ele preside o inquérito sobre o caso, que já custou a cabeça de alguns dos principais conselheiros e aliados do presidente Lula. O delegado está de olho no calendário eleitoral. "Quero dar uma resposta à sociedade pelo menos uma semana antes do segundo turno", declarou. "Nem que seja para divulgar que é impossível identificar a origem do dinheiro.
Curado reuniu-se ontem com o delegado Luiz Flávio Zampronha, que trouxe de Brasília um relatório sobre cerca de 30 corretoras de valores e casas de câmbio por onde transitaram US$ 109, 8 mil – parte da bolada amealhada para a compra do dossiê.
O documento indica "um número muito elevado" de nomes – pessoas físicas e jurídicas – que sacaram esse dinheiro no período de um mês antes de a PF capturar em São Paulo Gedimar Passos e Valdebran Padilha de posse do R$ 1, 75 milhão, montante que teria sido entregue a eles por Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo paulista.
O percurso dos dólares do PT foi reconstituído parcialmente. Pelo menos US$ 15 milhões foram internados no Brasil, pelo Banco Sofisa, e pulverizados em corretoras e agências de turismo de cinco Estados: São Paulo, Rio, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
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