A Polícia Federal deverá ouvir o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) apenas no fim do inquérito que investiga o dossiê Vedoin. O prazo para conclusão da investigação vai até 26 de novembro.

continua após a publicidade

Candidato derrotado ao governo de São Paulo nas últimas eleições Mercadante vai depor porque Hamilton Lacerda, seu ex-coordenador de campanha, está sob suspeita de envolvimento na trama de R$ 1,75 milhão.

Para a PF, a compra e a divulgação do dossiê poderiam favorecer Mercadante na disputa com seu maior rival, José Serra, do PSDB, que venceu a corrida ao Palácio dos Bandeirantes. ‘Lacerda era homem de confiança da campanha para governador de Mercadante’, anotou o delegado Diógenes Curado Filho, em relatório de dez páginas que encaminhou à Justiça Federal no último dia 19.

Curado preside o inquérito sobre o dossiê montado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe do esquema das ambulâncias superfaturadas. "O dossiê, com certeza, visava a alterar o rumo das pesquisas do eleitorado paulista, fazendo uma relação do candidato José Serra com a máfia das sanguessugas." O dossiê é formado por seis fotografias, uma fita de vídeo e um DVD com imagens de Serra, então ministro da Saúde (governo FHC), entregando ambulâncias em Mato Grosso.

continua após a publicidade

Os Vedoin pagaram R$ 80 pelo DVD. Venderiam o material por R$ 1 16 milhão e US$ 248,8 mil. A bolada foi amealhada por dirigentes petistas e apreendida pela PF no Hotel Ibis Congonhas em 15 de setembro. A PF está convencida de que o ex-assessor de Mercadante é o ‘homem da mala’ – ele teria levado o dinheiro ao hotel, onde estavam hospedados Gedimar Passos e Valdebran Padilha, negociadores do dossiê.

Lacerda não negou ter ido ao hotel, mas disse que levava material da campanha de Lula. Mas Ricardo Berzoini, ex-coordenador da campanha à reeleição ao Planalto e presidente licenciado do PT, afirmou que isso "não seria função do coordenador da campanha paulista".

continua após a publicidade

"Está cada vez mais difícil acreditar na versão de que teria ido ao Ibis Congonhas para levar uma bolsa cheia de boletos da campanha presidencial", destacou o delegado Curado. Ao juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, o policial pediu autorização para uma série de providências, inclusive, ‘no devido tempo’, ouvir Mercadante. O senador já se colocou à disposição da PF para prestar depoimento.