A Justiça Federal de Mato Grosso determinou à Operadora Claro que envie ainda hoje à Polícia Federal os dados da quebra do sigilo bancário de 17 telefones, entre eles o do ex-assessor de campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) Hamilton Lacerda. A informação é da própria PF, que acusa a Claro de atrasar as investigações sobre a origem do dinheiro destinado à compra, pelo PT, do dossiê contra políticos tucanos.
A PF suspeita que Lacerda tenha levado parte do R$ 1,75 milhão que seria usado na compra do dossiê para os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos em 15 de setembro com o dinheiro em um dos hotéis da rede Ibis em São Paulo. Apontado como ‘o homem da mala’, Lacerda aparece em imagens gravadas pelo circuito interno de TV do hotel levando uma mala preta para Gedimar.
O delegado responsável pelo inquérito, Diógenes Curado Filho, aguarda desde sexta-feira a remessa da relação de telefonemas efetuados nos últimos dois meses nos números de Lacerda e de mais três envolvidos, e informações cadastrais de outros 13 números já identificados nas investigações. O sigilo telefônico de Lacerda é considerado peça-chave na apuração. A PF quer saber por exemplo, se ele telefonou para alguma operadora de câmbio, agência de viagem ou agência bancária logo antes de 15 de setembro.
Embora o prazo padrão para a remessa desse tipo de informação seja dez dias, as demais operadoras, informa a PF, costumam fornecê-las em um ou, no máximo, dois dias. No caso da Claro, já se passaram seis dias desde a decisão judicial que determinou a remessa dos dados. Segundo a PF, a operadora chegou a pedir a dilatação do prazo para repassar os dados, o que irritou Curado. Diante disso, o delegado procurou o juiz da 1ª Vara Federal, Jefferson Schneider, que determinou a remessa imediata dos dados.
Em nota, a Claro, controlada pela mexicana América Móvil, informou que recebeu a requisição da PF dia 29 e na terça-feira enviou dados parciais. Segunda a nota, hoje serão enviadas as informações complementares. A operadora alega que os prazos pedidos foram necessários para que fossem "verificados todos os sistemas e prestadas todas as informações". Declara ainda que vai "colaborar com a PF e a Justiça em todas as etapas das investigações".