Cuiabá – Os donos da Planam, Darci Vedoin e Luiz Antônio Vedoin, e o funcionário Ronildo Medeiros, todos acusados de chefiar o esquema de fraudes das ambulâncias, vão prestar depoimento à Polícia Federal na próxima semana sobre o inquérito que investiga o empresário Abel Pereira, suspeito de intermediar licitações superfaturadas na gestão do ex-ministro Barjas Negri, do governo Fernando Henrique Cardoso. Os três já disseram em juízo que Pereira teria ligações com o esquema no governo passado.
Na última terça-feira (31), Luiz Antônio Vedoin foi solto da Polinter, depois de mais de 45 dias preso. Ao ser solto nesta terça-feira, em Cuiabá, ele confirmou a participação de Abel Pereira no esquema de venda de ambulâncias. ?Lógico?, disse o empresário, ao ser perguntado por jornalistas sobre a participação de Abel. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região concedeu alvará de soltura a Vedoin sob o argumento de excesso de prazo na prisão dele.
Em depoimento na Justiça Federal, há duas semanas, tanto Vedoin quanto Ronildo Medeiros, funcionário da Planam, confirmaram que Abel Pereira recebia 6,5% do valor de cada recurso liberado no Ministério da Saúde em favor da empresa. Abel Pereira é ligado a Barjas Negri, ex-ministro da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso.
Apesar de ser da mesma cidade que Barjas (Piracicaba, em São Paulo), Abel Pereira negou que facilitasse a ação da Planam no Ministério da Saúde por conta de sua proximidade com o ex-ministro. Na semana passada, Abel Pereira negou, em depoimento na Polícia Federal, participação no esquema, mas confirmou que se encontrou com Vedoin em São Paulo e em Cuiabá. A PF deve pedir prorrogação do prazo do inquérito que foi aberto para investigar a influência de Abel no Ministério da Saúde. O prazo, que termina no próximo dia 10, deve ser prorrogado por mais 30 dias.
A Polícia Federal informou que, mesmo com a soltura de Vedoin, as investigações do caso continuam. Esta semana deve começar a fase de indiciamentos. Valdebran Padilha, Gedimar Passos, Osvaldo Bargas, Expedito Veloso, Jorge Lorenzetti e Hamilton Lacerda devem ser indiciados por crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crime contra o sistema financeiro. As penas nesses casos variam de um a seis anos de prisão.