O banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, negou todas as acusações contra ele durante o depoimento, hoje (13), na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. O inquérito apura sua participação no caso de espionagem que envolve a Brasil Telecom, controlada pelo Oportunity.
O banqueiro foi indiciado pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha e divulgação de segredos (espionagem ilegal). É acusado de ter mandado contratar a maior empresa de investigação do mundo, a americana Kroll Associates, para espionar a Telecom Itália e obter informações que favorecessem o Opportunity na disputa pelo controle da Brasil Telecom. A empresa é a operadora da telefonia fixa nos estados do centro-sul do país. Nesta segunda-feira, a presidente da Brasil Telecom, Carla Cicco, que também faria parte do esquema, foi indiciada pelos mesmos crimes, após depoimento em Brasília.
A Polícia Federal começou as investigações no ano passado. De acordo com o relatório da PF, a Kroll teria violado o sigilo de integrantes do governo do presidente Lula, por meio de grampos telefônicos, como do então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão, Luiz Gushiken, além de violar o sigilo de empresários italianos.
O relatório da Polícia Federal sobre o "Caso Kroll" vai ser encaminhado até o fim da semana que vem à 5ª Vara Criminal do Ministério Público Federal de São Paulo, onde o inquérito foi aberto. De acordo com o assessor de imprensa da Superintendência da Polícia Federal do Rio, Clóvis Franco, todas as pessoas que deveriam depor neste caso já foram ouvidas, mas isso não significa que as investigações tenham sido encerradas. De acordo com ele, outros inquéritos poderão ser abertos.
Durante duas horas e meia, o dono do Opportunity foi ouvido por um Delegado da Divisão de Inteligência da Polícia Federal de Brasília que conduz as investigações ? que não pode ter seu nome revelado. Estava acompanhado dos advogados Nélio Machado, Antônio Carlos de Almeida Castro e José Luis Oliveira Lima.