Dom Geraldo diz que máquina pública não pode ser usada em campanha

Brasília – O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Geraldo Majella Agnelo, disse que a máquina pública não pode ser usada para a campanha eleitoral. Sem citar, nominalmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem sido criticado por inaugurar obras em ano de eleições, d. Geraldo disse considerar que, ao término do mandato de um governante, é natural que obras sejam concluídas, mas que não podem servir para uma possível campanha. "Evidentemente, ou por coincidência ou por planejamento, não é no primeiro momento que se apresentam as obras. Quando se chega ao final, faz-se um balanço do que foi feito. Mas que isso não sirva para uma possível campanha eleitoral."

O secretário-geral da CNBB, d. Odilo Scherer, afirmou que a afirmação dele é uma espécie de alerta aos que governam. Segundo d. Odilo, a Conferência Nacional dos Bispos não quer impedir os governantes de exercerem o governo. Trata-se, de acordo com ele, apenas de uma recomendação. D. Geral e d. Odilo informaram que a conferência nacional divulgará uma cartilha com conselho aos eleitores, sugerindo critérios para a escolha dos candidatos.

O presidente da CNBB afirmou que é preciso que os eleitores tenham muito cuidado, preocupando-se em conhecer o candidato para ver se ele não tem, no passado, envolvimento em práticas de corrupção. O livro, que ainda não está pronto, pode alertar o eleitor para não votar em candidato que pratique caixa dois. Quanto à desilusão dos eleitores com os políticos, d. Geraldo declarou que a conferência considera que o eleitorado não deve deixar de se manifestar pelo voto porque é uma forma de exercer a democracia. "Se estamos numa democracia, desejamos que os políticos tenham competência e probidade", acredita.

O presidente e o secretário-geral da CNBB falaram no encerramento da 20.ª Reunião do Conselho Episcopal de Pastoral da entidade. No encontro, os bispos analisaram a conjuntura política e discutiram o resultado da convocação extraordinária do Congresso Segundo d. Geraldo, a convocação deixou a desejar. "Nós esperávamos que houvesse um aproveitamento maior na convocação", observou. "Não havia necessidade de que ela acontecesse."

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