O aumento da taxa Selic não conseguiu derrubar hoje (14) o dólar, que fechou em alta de 1 05%, cotado a R$ 3,86, e provocou – como era esperado – uma explosão das projeções de juros.
A taxa dos contratos futuros de DI para janeiro, que havia fechado em 21,6% na sexta-feira, pulou para 23,28% ao ano, o limite de oscilação máxima permitido pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), atingido logo após o anúncio de que o Comitê de Política Monetária (Copom) faria uma reunião extraordinária, às 11h30. A decisão do Banco Central (BC) confundiu o mercado, e muitos analistas questionam a eficácia da medida para segurar o dólar.
O diretor-executivo de Tesouraria do Banco Fator, Sérgio Machado, disse que a decisão do BC foi recebida com perplexidade pelos investidores. Para ele, o aumento de três pontos porcentuais não deve ser suficiente para induzir os investidores a trocar aplicações em dólares por outras em reais. Para ele, a instituição deveria ter esperado um pouco mais para ver se as medidas adotadas na sexta-feira, como a redução do limite da exposição em câmbio de 60% para 30% do patrimônio líquido, teriam impacto sobre o câmbio. “E, se o objetivo foi mirar na inflação, não teria sido necessário antecipar a reunião do Copom”, afirmou.
O vice-presidente de Finanças da Nossa Caixa, Joaquim Elói de Toledo, tambémn criticou a medida do BC. Para ele, o aumento dos juros não vai ser suficiente para segurar o câmbio e ainda intensifica as dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida pública. “Qualquer coisa que se faça em matéria de juros é contraproducente.”
O grande fator de pressão sobre o câmbio nesta semana é o vencimento de US$ 3,6 bilhões de títulos cambiais na quinta-feira, corrigidos pela cotação média (ptax) de quarta-feira. Hoje, o BC rolou mais uma parte do total de papéis que estão vencendo, numa operação que somou US$ 796,9 milhões. Com isso, a instituição renovou 53,5% do total.
O BC vendeu integralmente apenas um lote de contratos cambiais, com vencimento em 1.º de novembro, sem divulgar a taxa paga. Mas, como informou o preço, os operadores calcularam que a taxa ficou em 58,8% ao ano, além da variação cambial. Na semana passada, o BC pagou 47,36% pelos mesmos contratos. Além disso, o BC vendeu um lote para 2008, pagando uma taxa de 29,75%.
Segundo operadores, o câmbio tende a ficar pressionado até a quarta-feira porque interessa aos detentores dos papéis que o dólar fique num nível mais alto, para garantir um ganho maior.
