Dólar sobe 3,18% e fecha a R$ 3,73

O câmbio voltou a ficar muito pressionado hoje, um dia após a votação do primeiro turno das eleições. O dólar fechou em alta de 3,18%, cotado a R$ 3,735  influenciado pela expectativa em torno do vencimento de US$ 3,6 bilhões de títulos e contratos atrelados à moeda americana, no dia 17, e pela turbulência no cenário externo.

Alguns analistas apontaram ainda que, embora José Serra (PSDB), o candidato preferido pelo mercado, tenha chegado ao segundo turno, as chances de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer são muito grandes. O mercado de títulos da dívida também foi atingido: o C-Bond recuou 2,62%, negociado a 53,5% do valor de face, contribuindo para a alta de 4,61% do risco país, para 2.063 pontos.

O diretor-vice-presidente do BNP Paribas, Carlos Calabresi, entende que o grande fator de pressão sobre o câmbio são os vencimentos de títulos cambiais. No dia 17, vencem US$ 3,6 bilhões desses papéis; no dia 23, mais US$ 1,1 bilhão. O BC enfrenta fortes dificuldades para rolar esses títulos porque o mercado tem pedido taxas elevadas para comprar os papéis oferecidos em troca.

Na sexta-feira, a instituição recusou todas as propostas dos bancos, que exigiram juros na casa de 40% ao ano mais variação cambial para adquirir os papéis. Se não renovar os títulos que vencem neste mês, o BC vai retirar quase US$ 4,7 bilhões de instrumentos corrigidos pelo dólar, o que deve levar parte dos investidores a buscar a moeda no mercado à vista. Alguns analistas lembram ainda que há um movimento especulativo em torno dos vencimentos porque interessa aos detentores dos papéis a alta do dólar.

O BC vai fazer amanhã mais uma tentativa de rolar os títulos que vencem no dia 17, oferecendo cinco lotes de contratos de swap e um de títulos cambiais. Além disso, a instituição tentará antecipar amanhã a troca de US$ 500 milhões do vencimento do dia 17, por meio da realização de duas operações em que optará por recomprar títulos cambiais ou assumir uma posição ativa em contratos de swap do dia 9 até o dia 17.

Outra fonte de pressão é que vencem neste mês US$ 2,637 bilhões de dívidas de empresas no exterior, o que também estimula a busca pela moeda.

O economista-chefe do banco JP Morgan, Luís Fernando Lopes, ressaltou que, além do vencimento de títulos cambiais, o mau desempenho das bolsas internacionais afetou o mercado brasileiro. O Dow Jones caiu 1,4% e o Nasdaq, 1,8%.

O BC vendeu cerca de US$ 50 milhões no mercado à vista, além de ter colocado US$ 19,245 milhões de linhas para exportação, mas as medidas não tiveram nenhum impacto sobre as cotações.

O economista-chefe do CSFB, Rodrigo Azevedo, afirmou que ainda que o cenário político não agrada ao mercado, uma vez que Lula tem uma ampla vantagem sobre Serra. Além disso, a expectativa de que o PT poderia anunciar com antecedência a equipe econômica está se frustrando.

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