A indústria ainda não recuperou o fôlego perdido no segundo semestre do ano passado, quando os efeitos da alta dos juros e da desaceleração das exportações derrubaram a produção. Estudo da consultoria MB Associados indica que o setor deverá crescer só 2,4% nos seis primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2005
Para piorar ainda mais a situação, essa recuperação será puxada pelo aumento da produção ligada a petróleo e commodities minerais em geral e de bens intensivos em capital, como máquinas eletroeletrônicos e papel e celulose, que não geram muitos empregos nem alavancam o consumo doméstico. Já o conjunto de segmentos que empregam maciçamente mão-de-obra, como têxteis, vestuário, calçados, mobiliário e alimentos vai fechar o semestre com queda na produção
Essa tendência já pode ser observada nos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De janeiro a abril, a produção dos setores intensivos em mão-de-obra acumula queda de 0,1% em relação a igual período do ano passado. Na mesma comparação, a produção dos ramos intensivos em capital cresceu 2,3% e a de petróleo e commodities teve alta de 7,5%.
"A indústria não tem conseguido acertar o passo por causa principalmente da valorização do real frente ao dólar, cujos efeitos negativos são a redução do ritmo de crescimento do volume de produtos exportados e a aceleração do processo de substituição de produção local por importações", diz Sérgio Vale economista da MBA responsável pelo estudo.
Segundo ele, a tendência para o segundo semestre continua sendo de aumento expressivo de 6,4% na produção em relação à segunda metade de 2005. "O problema é que boa parte dessa alta reflete apenas um efeito estatístico, já que a base de comparação é muito baixa." Com isso, a produção deverá crescer 4,5% este ano, prevê o economista. Nesse cenário, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2006 é estimada em 3,5%.