A moeda norte-americana registrou forte queda nesta terça-feira (15) em relação ao real. O dólar comercial, negociado no mercado interbancário, recuou 1,34% e fechou valendo R$ 1,982, a menor cotação da moeda desde o 31 de janeiro de 2001. O dólar negociado à vista no pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros cedeu 1,39%, para R$ 1,981.
O mercado de câmbio operou em baixa desde a abertura pressionado pelo fluxo cambial positivo, a alta das Bolsas de Nova York e de São Paulo com a inflação ao consumidor norte-americano "benigno" (alta de 0,4% em abril, abaixo das previsões de 0,5%), a depreciação do dólar ante outras moedas no mercado internacional e as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o dólar. O recuo do risco Brasil também reforça os fundamentos da economia brasileira e favoreceu também o declínio das cotações. Às 16h22, o risco Brasil cedia 3 pontos para 149 pontos-base.
Depois de só observar o tombo das cotações, o Banco Central fez o tradicional leilão de compra de moeda em mercado após às 15h30. Mesmo assim, o dólar renovou as mínimas após essa operação. Na mínima, a moeda norte-americana atingiu R$ 1,979, queda de 1,49%, no mercado interbancário e na BM&F.
O presidente Lula afirmou hoje, em entrevista coletiva à imprensa, que "o dólar vai se ajustar na medida em que houver importação de bens de capital". Segundo o presidente, "o governo fará a sua parte (para conter a valorização do real), mas não há mágica". Mais tarde, foi a vez de Mantega dizer que "o câmbio é flutuante, não dá pra garantir nada".
Para Bernardo, dólar abaixo de R$ 2 deve-se à boa economia
Ao ser questionado sobre o atual patamar do dólar, que rompeu nesta terça-feira (15) a barreira psicológica de R$ 2,00, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, afirmou que este cenário decorre do bom momento macroeconômico do País e não deve ser encarado de forma negativa.
"Achamos que o País tem indicadores excelentes, e tem atraído capital. Isso gera esta flutuação do dólar para baixo. Nós vamos encontrar um ponto de equilíbrio", afirmou, em entrevista antes de sua palestra no XIX Fórum Nacional, que se realiza nesta semana no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Quando questionado sobre os impactos que o câmbio neste nível pode provocar para o setor exportador brasileiro, Bernardo foi cauteloso. Ele considerou que o setor exportador tem registrado resultados excelentes nos últimos tempos – mesmo com a valorização do real já ocorrendo há meses.
O ministro lembrou que as exportações devem encerrar 2007 em torno de US$ 140 bilhões. "Temos um setor exportador competitivo e competente", disse, não respondendo a questionamentos sobre se o governo faria alguma medida compensatória especificamente para os setores exportadores devido ao atual momento do câmbio.