Rio – Os segmentos mais pessimistas em relação à situação dos negócios no primeiro semestre são também os que mais sofrem com os efeitos perversos do dólar em queda frente ao real. Essas empresas enfrentam perda de rentabilidade com as exportações ou maior concorrência de produtos importados no mercado interno
Os dados setoriais da Sondagem Conjuntural da Fundação Getúlio Vargas (FGV), detalhados hoje (1) pelo economista Aloisio Campelo, mostram que um dos segmentos mais pessimistas em relação à situação dos negócios no primeiro semestre é o de vestuário e calçados. Nesse setor, 39% das empresas consultadas esperam melhoria dos negócios no primeiro semestre, porcentual bem abaixo dos 50% de empresas com perspectiva de melhora na média geral da pesquisa, divulgada ontem
Ainda nesse setor, 4% das empresas esperam piora no semestre, o que resulta em saldo de 35 pontos porcentuais, o menor saldo médio para calçados e confecções nos últimos 10 anos período em que a média foi um saldo de 48 pontos. Como resultado desse pessimismo, 62% das empresas consultadas esperam demitir no primeiro semestre e nenhuma disse que pretende contratar funcionários
Outro segmento exportador bastante afetado pelo câmbio em 2005, o de mobiliário, é também o mais pessimista em relação aos negócios. Nada menos que 35% das empresas do setor, na maior parte de pequeno e médio portes – e portanto mais afetadas na competitividade no mercado externo com a valorização do real -, esperam que a situação dos seus negócios vá piorar nos primeiros seis meses de 2006. Apenas 3% acreditam em melhora, proporcionando um saldo negativo de 32 pontos, o pior para esse segmento em mês de janeiro na série histórica da FGV, iniciada em 1995
Crédito
Do lado dos segmentos mais otimistas, de acordo com a Sondagem Conjuntural da FGV, está o setor de material elétrico, eletrônico e comunicações, que inclui produtos como eletrodomésticos e celulares, cuja produção foi significativamente impulsionada pelo crédito em 2005
Campelo observa que esse grupo inclui produtos como televisores, rádios, aparelhos de som, foto e celulares. Inclui ainda mesas de PABX e material elétrico para automóveis. Nesse setor, 68% das empresas acham que a situação dos negócios vai melhorar no primeiro semestre e 11% acreditam em piora. "É uma indústria que vai bem e acredita que ainda vai melhorar", destacou
Outro setor otimista é o metalúrgico, que, após sucessivas perspectivas pessimistas reveladas nas sondagens da FGV em 2005, "deu uma guinada" e, na sondagem relativa a janeiro 66% das empresas disseram acreditar que a situação vai melhorar neste semestre. Campelo lembra que o ano passado foi difícil para esse setor, sob impacto da atividade muito fraca no segmento de construção civil
Em relação a 2006, ele acredita que os empresários do setor metalúrgico visualizam um cenário mais promissor com perspectiva de recuperação de preços no mercado externo e possibilidade de maiores investimentos em infra-estrutura pelo governo.
