O mercado doméstico de câmbio descolou-se do comportamento externo nesta quarta-feira (20). Enquanto no exterior os investidores aguardavam a definição da taxa de juros dos EUA (mantida em 5,25%) em tom de otimismo, por aqui, as preocupações recaíram sobre a tensão política.
No mercado interbancário, o dólar comercial encerrou em alta de 0,65%, cotado a R$ 2,177. A moeda oscilou entre a mínima de R$ 2 155 e a máxima de R$ 2,18. No pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar negociado à vista terminou com valorização de 0,62%, valendo também R$ 2,176.
Nesta manhã, sem apontar um fato específico, o mercado citou preocupações com ambiente político para explicar a alta do dólar depois de a moeda ter iniciado o dia mostrando desvalorização.
Em resumo, a preocupação seria não com o resultado da eleição em si, mas com todo o cenário que está envolvendo o pleito e as conseqüências futuras disso. Os últimos escândalos citando membros próximos ao governo, que teriam comprado o dossiê com acusações contra Geraldo Alckmin e José Serra, estão incomodando. A maior inquietação é com o efeito que isso poderá ter na governabilidade, caso o presidente Lula seja eleito. Várias das investigações estão sendo postergadas para depois do próximo dia 3 e a oposição já dá sinais de que vai pegar pesado.
À tarde, após o comunicado do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sobre a taxa de juros norte-americana, o dólar ampliou a alta e atingiu as máximas do dia. Em Nova York, ao ler o comunicado, o mercado entendeu que o Fed alertava para o risco de um "pouso forçado" na economia norte-americana. Chamaram a atenção dos operadores frases como a de que o efeito acumulado da alta dos juros se limitará à inflação e que a "a moderação no crescimento econômico parece estar continuando, refletindo, em parte, um arrefecimento do mercado de imóveis residenciais.
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