Dólar chega a R$ 3,87 e risco Brasil bate recorde

O mercado financeiro viveu hoje uma sexta-feira negra, com o risco Brasil atingindo o maior nível de todos os tempos, o dólar batendo novo recorde do Plano Real e a Bovespa no menor nível desde 1999.

O dólar subiu 3,06%, para R$ 3,875, acumulando uma alta de 13,8% na semana e de 67,3% este ano. O risco país aumentou hoje 9,6% para 2.448 pontos, superando o recorde de 2.390 pontos, atingido no fim de julho, com todos os títulos da dívida externa brasileira caindo pelo menos 4%.

A Bolsa paulista fechou em queda de 5,25%, em 8.715 pontos, o menor nível desde fevereiro de 1999, logo depois da desvalorização do real. Em dólares, a Bolsa está no menor nível desde 1993.

O mercado brasileiro iniciou a sexta-feira já sob forte pressão do exterior, onde os títulos da dívida externa despencavam, assim como as bolsas americanas, que encerraram a quinta semana consecutiva de queda. Para piorar, o vice-presidente do Citigroup, Stanley Fischer, disse que o será difícil o Brasil evitar uma reestruturação da dívida, independentemente de quem seja eleito, embora não seja impossível.

O banco de investimentos Goldman Sachs rebaixou a recomendação para os títulos brasileiros de neutra para pessimista. “Isso tudo pesa para o investidor estrangeiro”, disse o diretor de Tesouraria do Banco Fator, Sérgio Machado.

Dia horroroso

Segundo especialistas, os investidores preferiram adotar ainda mais cautela em relação ao Brasil, temendo perdas maiores na segunda-feira, por causa do eventual impacto da divulgação de pesquisas eleitorais no fim de semana. Além disso, o vencimento de contratos futuros de câmbio na terça-feira cria um incentivo para que o mercado empurre o dólar para cima na segunda-feira, porque a média do câmbio do último dia do mês define o rendimento dos contratos. E é justamente na terça-feira que ocorre o vencimento de US$ 1,25 bilhão de títulos e contratos cambiais.

“Hoje foi o típico dia horroroso”, disse Machado, para quem o mercado deve continuar em crise até as eleições. “Estamos num cenário muito ruim. E qual a chance de haver uma melhora? Para melhorar, teria de haver uma definição. A dúvida é sobre qual política vai ser usada no futuro. Para que isso aconteça, é preciso eleger o novo governo.”

Para tentar conter a pressão cambial, o BC vendeu cerca de US$ 50 milhões no mercado à vista, segundo operadores. Além disso, realizou um leilão de linhas para exportação, colocando US$ 78,25 milhões no mercado. Por fim, a instituição rolou antecipadamente US$ 150 milhões de um lote de US$ 350 milhões de linhas externas que vencem na quarta-feira. Mas a intervenção não foi suficiente para impedir a escalada do dólar.

A autoridade monetária tentou rolar parte do lote de US$ 1,25 bilhão em títulos atrelados ao dólar que também vencem na terça-feira, mas conseguiu vender apenas o correspondente a 21% do vencimento, assim mesmo a um custo considerado alto pelo mercado.

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