Melhora nas expectativas em relação ao futuro governo petista, sucesso na rolagem da dívida cambial de cerca de US$ 2 bilhões e ambiente de tranqüilidade em relação ao vencimento dos contratos futuros de novembro foram os principais fatores que pautam a queda do dólar. Também contribuiu o ambiente externo sem nervosismo e a alta dos títulos da dívida externa brasileira. O dólar chegou a cair para R$ 3,62, com recuo de 2,56%. Os sinais emitidos pelo PT no encaminhando de questões relevantes como política fiscal e monetária e a forma pacífica com que está sendo conduzida a transição política afastaram, momentaneamente, as especulações políticas, com o mercado concentrando mais as atenções nos fundamentos da economia e na trajetória das bolsas internacionais. O mercado decidiu dar um voto de confiança ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. “Lula tem mostrado firmeza e a primeira impressão está sendo positiva, o que tende a suavizar os movimentos de mercado”, comentou uma fonte. Mas a mesma fonte apressa-se a dizer que trata-se de uma trégua curta. Qualquer coisa diferente ou qualquer declaração pode servir de pretexto para os investidores realizaram lucro. O vencimento de dívida cambial vencendo na sexta-feira foi integralmente rolado, ainda que em grande parte, para este ano. Mas isso alivia a procura de dólares à vista e esvazia os movimentos especulativos que procuram a alta da moeda norte-americana. Os operadores afirmam ainda que a valorização do real recebeu impulso das exportações, que continuam fortes. Aliás, esse é um dos fatores do cenário interno que, passado o nervosismo da sucessão presidencial, ajuda a melhorar as estimativas para o cenário econômico de médio prazo. Outra notícia positiva da manhã foi o superávit primário nas contas do governo de setembro, que ficou em R$ 10,253 bilhões. Esse número é um recorde histórico e elevou o acumulado de janeiro a setembro R$ 47,616 bilhões, ou seja, 5% do PIB. Com tudo isso, os operadores afirmam que há instituições financeiras desfazendo-se das suas aplicações cambiais, o que não era visto há vários meses, o que pode resultar em novas quedas do dólar caso os sinais de melhora da conjuntura prossigam. Porém, ainda é cedo para falar em normalidade absoluta, até porque o crédito internacional para o País não foi retomado. Ainda há escassez de linhas de comércio exterior e as empresas têm dificuldade de rolar ou captar recursos novos no exterior. Nos demais mercados, a recuperação é mais tímida, mas também começou antes. A Bolsa já subiu bastante no mês e investidores dizem que os juros têm um limite para reduzir as taxas: a inflação. Ontem, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de outubro (de 3,87%) surpreendeu negativamente. A expectativa era de uma taxa entre 3,40% e 3,70% – o que já seria considerada uma alta significativa. E IGP-M em alta significa “potencial inflacionário”, já que esse índice é o que corrige os preços administrados.
Dólar cai a R$ 3,62 em ambiente mais calmo
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