O nervosismo voltou a dominar os negócios no mercado de câmbio, nesta sexta-feira, véspera do feriado prolongado de Carnaval. Apesar de toda a tensão, provocada por novas denúncias publicadas nas revistas Época e Veja, o dólar fechou a R$ 2,958 na venda, com leve variação negativa de 0,06%, interrompendo uma seqüência de cinco dias de alta. Pela manhã, a moeda chegou a subir 2,4%, atingindo R$ 3,031, superando a marca dos R$ 3 pela primeira vez desde agosto do ano passado. A Bovespa fechou em alta de 1,84%, com 21.226 pontos e movimento financeiro de R$ 1,243 bilhão.

A melhora nos negócios no período da tarde, segundo analistas, ocorreu após a venda de dólares no mercado feita pelo Banco do Brasil e uma outra instituição privada. Também teve impacto imediato na cotação do dólar a notícia de que o governo pretende fechar os bingos existentes no País.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai editar uma medida provisória para fechar todas as casas de bingo e proibir o funcionamento e importação de máquinas caça-níquel.

Analistas explicam que o mercado já estava comprando mais dólares para se proteger de acontecimentos inesperados durante o feriado prolongado de Carnaval. No entanto, quando o dólar superou os R$ 3 alguns exportadores aproveitaram para vender a moeda. Esse movimento, aliado às vendas feitas por bancos e à fala de Lula, ajudou a reduzir a pressão no mercado.

Risco-país vira e recua

Os títulos da dívida externa brasileira voltaram a subir no final da tarde de ontem e o risco Brasil retomou o movimento de queda. O C-Bond, principal título da dívida brasileira, sobe 0,46%, cotado a R$ 94,562% do seu valor de face. No período da manhã, o papel chegou a cair 1,8%.

Já o risco-país, que mede a confiança dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil, recua 0,84%, para 584 pontos básicos, depois de atingir 620 pontos (+5,2%) pela manhã. Desde outubro do ano passado o indicador não superava os 600 pontos. Quanto maior a confiança dos estrangeiros no País, mais o risco cai.

Exterior

Em Wall Street, a crise política é analisada sem graves preocupações. É o que diz a analista de mercado brasileiro da Standard&Poors em Nova York, Lisa Schineller. Para ela, o País é uma democracia que tem instituições fortes.

“Não é a primeira vez que uma crise política assola o País e não acreditamos que isso vá causar ingovernabilidade”, disse a analista.

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