Brasília – O dólar barato estimulou os brasileiros a viajar para o exterior no ano passado e os gastos efetuados lá fora superaram as despesas feitas por estrangeiros em visita ao País em US$ 858 milhões, segundo dados divulgados hoje (19) pelo Banco Central. Para este ano, o governo estima que os brasileiros continuarão usando seus passaportes e seus cartões de crédito. O saldo negativo na conta de viagens, com isso, será da ordem de US$ 1,3 bilhão.
Ao longo do ano passado, o real valorizou-se 15,9% frente ao dólar, daí o estímulo às viagens internacionais. No entanto, não foi a primeira vez que se viu esse fenômeno. O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, lembrou que, em 2001, as despesas ficaram US$ 1 468 bilhão acima das receitas estrangeiras obtidas com turismo.
Este mês, porém, vem mostrando um comportamento inverso ao visto ao longo de 2005. Os dados do BC até hoje indicaram que os dólares deixados pelos estrangeiros no Brasil tinham ficado US$ 23 milhões acima dos recursos levados pelos viajantes brasileiros ao exterior. A explicação está no aumento do fluxo de turistas do Norte europeu, que fugiram das temperaturas abaixo de zero em direção às praias do Nordeste brasileiro. Este aumento foi beneficiado pelo fato da região não ter registrado nos últimos anos nenhum acidente natural como o que ocorreu na Ásia no fim de 2004.
Transferências
O Banco Central registrou, em 2005, uma elevação das remessas de recursos de brasileiros residentes no exterior para o Brasil. Segundo Altamir, o volume dos repatriamentos de recursos alcançou os US$ 3,558 bilhões, maior marca desde os US$ 3,623 bilhões de 1995. "Este movimento foi beneficiado pelas medidas tomadas no sentido de facilitar estas remessas", disse. A maior parte dos recursos, de acordo com o chefe do Depec, veio dos Estados Unidos (US$ 1,349 bilhão) e do Japão (US$ 581 milhões). Para este ano, o BC trabalha com a expectativa de que estas remessas fiquem estáveis em torno dos US$ 3,5 bilhões.
