A taxa de câmbio abriu praticamente estável no pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), com o dólar à vista negociado a R$ 2,144. Ontem o dólar encerrou o dia a R$ 2,1442 na BM&F. No mercado interbancário, o dólar comercial também está começando o dia a R$ 2,144.
O câmbio está de olho no novo quadro político dos Estados Unidos. Com a vitória dos democratas também no Senado, além da Câmara, o presidente George W. Bush terá os dois anos finais de seu mandato com maioria absoluta de oposição no Congresso.
O temor dos investidores é que o novo quadro acarrete maiores dificuldades para gerir a maior economia do planeta e que, no comércio exterior, o país adote medidas protecionistas, prejudicando os países emergentes e suas contas correntes.
Por aqui, o grosso dessa avaliação foi embutida nos preços do dólar no pregão de ontem quando o avanço democrático já estava certo na Câmara. Porém, o balanço final do pleito pode pressionar as cotações para cima ainda hoje. Principalmente porque há outros fatores domésticos que pesam nessa direção. O mais significativo são as declarações dadas ontem pelo secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, sobre as preocupações do governo com a taxa de câmbio.
Em entrevista à Agência Estado, Barbosa afirmou que "há uma preocupação se a taxa de câmbio está inviabilizando alguns setores e estamos analisando essa questão". Ele acrescentou ainda que se ficar comprovado que o problema é esse, o governo vai reagir. "Vamos adotar medidas, ver o que é possível fazer em termos de desoneração". Barbosa, porém, não adiantou detalhes
Na mesma direção, embora não tenha citado o câmbio, em discurso ontem, o presidente Lula disse que priorizará o crescimento, sem cortes de despesas. "Em vez de discutir onde vamos cortar, temos de discutir onde crescer, como crescer", disse. E o presidente apresentou também os dados da Anfavea divulgados ontem, mostrando recuperação desse setor em outubro. Ou seja, aparentemente, os esforços para acelerar o crescimento podem mesmo recair sobre o outro tópico apontado pelo IBGE como estrangulador da atividade: o câmbio. E, para alguns, as atuações fortes do BC no mercado à vista nas últimas semanas, podem ser um sinalizador dessa disposição Mas isso não é consenso.
No exterior, o destaque de hoje é a agenda norte-americana que prevê divulgação do saldo da balança comercial do País em setembro, do número de pedidos de auxílio-desemprego feitos na semana até 4 de novembro e do índice de sentimento do consumidor preliminar de novembro.
Apesar dos fatores de alta, o mercado de câmbio tende a ficar de lado esta manhã. Os especialistas explicam que, para o curtíssimo prazo, a perspectiva de fluxo positivo limita pressões de alta. Até porque, ontem houve um ajuste significativo.