A postura mais agressiva do Banco Central junto ao mercado de câmbio, demonstrada na sexta-feira passada, já garantiu a interrupção do movimento de queda da cotação da moeda norte-americana hoje. Na abertura dos negócios, o dólar à vista negociado no pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) subia 0,63% a R$ 2,034.
Além de elevar o volume de moeda comprado junto ao mercado, o BC avisou que não anunciará, necessariamente, a realização de leilões de swap cambial reverso (equivalente a uma compra de dólares no mercado futuro) na véspera, como vinha fazendo. Com isso, o BC tira a previsibilidade da operação e evita as operações de arbitragem que o mercado fazia em dia de leilão.
Essa nova estratégia do BC, aliada à expectativa do mercado em relação à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA amanhã, pode garantir uma valorização do dólar hoje. Profissionais observam que esses fatores e o preço baixo da moeda podem estimular "compras de oportunidade". "Como a cotação está muito baixa, o mercado pode fazer compras justificadas para esperar os eventos que estão pela frente", afirma um analista.
Nenhum desses fatores, no entanto, é capaz de alterar a tendência do câmbio, na opinião de operadores. O cenário é favorável à continuidade do fluxo de recursos externos, o que deve manter a trajetória de baixa da cotação do dólar. "Se o mercado internacional ficar positivo, naturalmente o dólar volta a cair aqui, a despeito do BC", afirma um profissional.
Na pesquisa Focus, divulgada hoje pelo Banco Central, surgiram novas quedas nas projeções do mercado para o dólar. Para fim de abril, a previsão recuou de R$ 2,05 para R$ 2,03; e para fim de maio, de R$ 2,07 para R$ 2,04.
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