A ata do banco central americano (Federal Reserve, Fed), que mostrou preocupação das autoridades com o crescimento econômico e a inflação nos EUA, azedou os mercados no final da tarde de ontem e pressionou para cima a cotação do dólar na abertura do mercado doméstico de câmbio hoje. No pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista abriu a R$ 2,144, valorização de 0,19%. Engrossando a lista de notícias externas negativas há também o comportamento desfavorável das bolsas européias, que são afetadas hoje por mais um dia de quedas de preços no mercado internacional de metais.
Por aqui, o clima de férias não promete contrapontos capazes de desviar as atenções dos investidores dos fatos externos adversos. Ao contrário. Embora sem força para formar preços no mercado financeiro, o destaque do noticiário interno do dia refere-se aos gastos públicos. E não agrada: enquanto 19 governadores assumem seus cargos prometendo cortes de despesas, suplentes de deputados federais assumem o mandato, em mês de recesso, ou seja, sem trabalho, ganhando R$ 46 mil cada um.
A alta do dólar verificada na abertura hoje, no entanto, não é acentuada. Primeiro porque ontem, enquanto os mercados externos viviam momentos de euforia, por aqui, o dólar subia acompanhando a realização de lucros da Bovespa. Segundo, porque as perspectivas para o fluxo continuam positivas – os dados negativos do fluxo cambial de dezembro divulgados ontem são considerados sazonais – e isso limita as valorizações pontuais apresentadas pelo dólar na relação com o real. Ainda mais em início de mês, época em que os exportadores costumam atuar com mais intensidade.