A tentativa de entrar ilegalmente nos Estados Unidos através da fronteira com o México terminou em tragédia para dois mineiros da cidade de Braúnas, a 292 quilômetros de Belo Horizonte, região leste do Estado. O agricultor Jaider Moreira de Andrade, de 35 anos, e a dona de casa Islene Miranda de Andrade, 26, morreram na última terça-feira quando atravessavam o deserto mexicano. Segundo as primeiras informações, eles teriam sido vítimas de um acidente automobilístico. Um imigrante brasileiro, natural de São Paulo, também teria morrido.
Em Brasília, o Ministério das Relações Exteriores informou que não havia recebido nenhuma comunicação oficial e que estava apurando o caso junto à embaixada brasileira no México. Nenhum funcionário da embaixada foi encontrado pela reportagem na tarde de hoje para falar sobre o assunto.
Duas mulheres que faziam parte do grupo de brasileiros permaneciam internadas em um hospital da cidade mexicana de San Luiz Rio Colorado, na fronteira com o estado do Arizona. Rosimeire Batista Teixeira, de 33 anos, contou à reportagem que sete brasileiros – três mulheres e quatro homens – estavam no veículo, mas disse que não se lembrava do acidente, nem as causas. Natural de Teixeira de Freitas, na Bahia, Rosimeire sofreu fraturas e escoriações.
O hospital confirmou a internação de outra brasileira, identificada como Simone Ramos Barroso, 23 anos, natural de Ipatinga (MG), que foi submetida hoje a uma cirurgia na perna. Não havia informações sobre outros feridos ou o destino dos corpos das vítimas.
Familiares de Jaider e Islene foram informados no final da madrugada de ontem (30) sobre a morte dos dois. Eles viajaram na semana passada para o México, com outros brasileiros, com o objetivo de entrar ilegalmente e trabalhar nos Estados Unidos. O acidente teria ocorrido por volta das 17h (21h de Brasília), de terça-feira, em local não informado.
Muito abalados, parentes das vítimas evitaram dar declarações. Dois familiares embarcariam hoje para o México com a documentação pessoal das vítimas para tentar a liberação dos corpos e o traslado para o Brasil.
Os dois moravam em fazendas na zona rural de Braúnas. Jaider era bastante conhecido na cidade por participar das tradicionais cavalgadas. Islene morava com os pais e era a caçula de uma família de 11 irmãos. Segundo Maria da Conceição Chaves, de 67 anos, vizinha dos pais de Islene, a notícia causou comoção na comunidade. "Eles não sabem como fazer para trazer os corpos. É muita tristeza".
Na região do Vale do Rio Doce e do Vale do Aço, em Minas os agenciadores costumam cobrar, em média, US$ 10 mil para intermediar a travessia ilegal.
CPMI
O deputado federal João Magno (PT-MG) disse hoje que o fato reforça a necessidade de instalação no Congresso de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Imigração Ilegal. Magno integra um grupo parlamentar que se dedica ao assunto. Um pedido para a instalação da CPMI já foi feito pelo senador Hélio Costa (PMDB-MG) ao presidente Renan Calheiros (PMDB-AL).
"O Brasil está despreparado para esse movimento migratório. A cada dia essa situação merece cuidados mais imediatos e mais ágeis. O governo tem de ser mais pró-ativo daqui para a frente", afirmou.
