Dois malucos conspirando

De um lado o Bush com os coadjuvantes desequilibrados, iguais a ele. De outro, Saddam, um ditador igualmente insano. Não precisava mais nada para perturbar a paz de um mundo já tão conturbado, incoerente e afeito às coisas do mal. Quem lucra com isso? Muitos dos visionários, oportunistas e tão malucos quanto Bush, Saddam e seus iguais.

Parece que Bush, tomando as dores do Bush pai e precisando testar e consumir seu poder bélico, resolveu provocar um outro maluco, Saddam, desafiando-o a sair da toca ou a ser expulso de lá, porque é detentor de uma grande riqueza, o petróleo, um presente da natureza ao mundo.

E para que a insensatez se consolidasse, passaram por cima de todos os direitos internacionais. Usaram de todas as desculpas imponderáveis e estão cometendo o ato mais nocivo a que o mundo de hoje poderia estar exposto.

Pagam os inocentes, pacificadores, pobres, oprimidos e todos aqueles que são utilizados como meio para se chegar a tamanho disparate. São dois “líderes” impostos por vontades duvidáveis, por escolhas espúrias e que acabaram definindo o destino de dois dos mais importantes segmentos mundiais.

Lembro, com isso, da Campanha da Fraternidade, que destaca a importância dos idosos e que o idoso mais importante do mundo fez tantos apelos e acabou não sendo ouvido. O papa João Paulo II, com seus oitenta e tantos anos, doente e sofrendo, tem mostrado ao mundo um exemplo de lucidez, de ponderação, de preocupação com a missão de pastor máximo dos povos.

Ele bem lembrou que Bush coloca o nome de Deus em vão, enquanto que o outro maluco, Saddam, evoca “Alá”, como se ambos estivessem com suas idéias voltadas para o bem. São sim assassinos malditos, déspotas e dizimadores da humanidade. Tão facilmente comparados a Hitler, Herodes e outros que apareceram na face da Terra como verdadeiras pragas.

E mesmo que povos de todos os cantos protestem, digam não à guerra, eles continuam insanos avançando, desafiando, atuando em nome de uma “verdade” que só eles entendem porque são donos do juízo poluído, da idéia manchada, da sabedoria torpe.

Uma pena que “o feitiço não vire contra o feiticeiro”, que eles continuem sendo amparados pelas suas atitudes demoníacas.

Pode ser que tudo já esteja escrito, que este seja o destino do mundo e que a natureza proteste contra os povos anunciando o fim dos tempos. Entretanto, seria preciso que, mais uma vez, a esperança de paz prevalecesse. Afinal, para nós, reles mortais, a vida é fundamental, até porque nos dói a função de meros espectadores da destruição do mundo pela influência de tão poucas e tresloucadas decisões.

Guerra insana, atitudes estúpidas, ânsia de poder, busca incessante de domínio, superioridade a todo custo. Acabar com a guerra e fortalecer a paz é uma decisão simples que qualquer vovô ou velhinho lúcido seria capaz de tomar, sem sacrificar vidas humanas, destruir a natureza, expor o mundo aos destemperos da vaidade. Oxalá possamos viver na humildade, para ter sempre em mente a simplicidade, a verdadeira grandeza, a tolerância, a sabedoria e a verdadeira força. Só assim poderemos agradecer aos céus e dizer que “eu não vivi em vão”.

Osni Gomes

(osni@pron.com.br) é jornalista e editor de Exterior, em O Estado.

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