Os eleitores franceses têm até o dia 6 de maio para definir o nome do futuro presidente da República, em substituição a Jacques Chirac. Contudo, a vantagem inicial é de Nicolas Sarkozy, ministro do Interior do atual governo, político com perfil de centro-direita, que ganhou o primeiro turno com 31,1% dos votos.
A segunda colocada foi a deputada Ségolène Royal, do Partido Socialista, que obteve 26% dos votos. O candidato de centro, François Bayrou, que passa a ser o definidor do segundo turno, registrou 18,6%, enquanto Jean-Marie Le Pen, de extrema-direita, no pior resultado desde 1981, ficou com 10,5%.
Um dos países da União Européia com graves problemas de imigração, a França viveu em 2005 uma amostra do que poderia ser um descontrolado conflito de origem racial. Na ocasião, jovens dos subúrbios de Paris e das grandes cidades – descendentes de imigrantes – revoltaram-se contra o tratamento discriminatório dado aos ?estrangeiros?, promovendo distúrbios e desafiando a polícia.
Titular do Ministério do Interior, Nicolas Sarkozy, na prática chefe da polícia francesa, na ocasião, referiu-se aos jovens rebeldes como ?ralé?, disparando entre os direitistas como o candidato em potencial à presidência.
Durante a campanha, apesar do cuidado dos marquetólogos em atenuar o discurso de direita, Sarkozy defendeu a adoção de uma política dura para a imigração, o que deve ter agradado sobremaneira os nacionalistas incomodados diante do crescimento maciço do número de egressos das ex-colônias no território nacional.
Tendo em vista a razoável margem obtida pelo candidato centrista François Bayrou (18,6%), cuja primeira sondagem já indicou a transferência de 54% de seus votos para Sarkozy, o quadro provável de 6 de maio, apurado na pesquisa feita pelo Instituto Ifop, será a vitória do ministro do Interior com 54% dos votos.
O dado mais importante a salientar na eleição de domingo foi o elevado grau de interesse dos eleitores, dos quais 85% compareceram para votar, o maior percentual desde 1965, quando o presidente passou a ser escolhido por sufrágio universal.
Nos próximos 15 dias, Sarkozy e Ségolène vão duelar pela confiança do eleitor de centro, nesse momento o cidadão mais importante da República das Luzes.
