Documento indica tentativa de extorsão contra Opportunity

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), entregou hoje à CPI dos Bingos documento que apresenta a versão de que o governo Lula tentou extorquir "dezenas de milhões de dólares" do grupo Opportunity, comandado pelo banqueiro Daniel Dantas. É a cópia de ofício enviado em 13 de abril ao juiz Lewis A. Kaplan, da corte distrital de Nova York , pelo escritório de advocacia Boies, Schiller & Flexner, contratado pelo Opportunity para defender seus interesses nos Estados Unidos.

O documento foi entregue durante o depoimento do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, o Silvinho, à CPI. Ele foi intimado a depor depois que o jornal O Globo publicou, no domingo, entrevista em que disse que o plano de Marcos Valério e dos petistas era ganhar dinheiro com operações com os Bancos Opportunity, Econômico e Mercantil de Pernambuco.

Assinado pelo advogado Philip C. Korologos, o ofício enviado ao juiz afirma que o Opportunity atraiu a ira do PT ao se recusar, em 2002 e 2003, a fazer doações ilegais ao PT para evitar que o governo criasse embaraços a seus negócios. O documento reproduz trecho de depoimento dado à Justiça americana pela irmã de Dantas, Verônica, executiva do Opportunity.

Na declaração, a irmã de Dantas cita o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu como responsáveis pela promoção de uma guerra para afastar o banqueiro do comando da Brasil Telecom, da qual o Opportunity é sócio. "O governo do Brasil – Lula, Palocci e Dirceu – odeia Daniel Dantas", disse Verônica. Por esta versão, a perseguição ao banqueiro teria começado por causa da recusa em repassar dinheiro ao PT.

Arthur Virgílio apresentou à CPI requerimento para que os sócios da Brasil Telecom enviem à comissão os papéis do processo que corre em Nova York referentes a interferências de integrantes do governo.

Confuso

O depoimento de Silvinho começou de forma confusa. Por várias vezes ele mostrou rancor dos petistas. Disse que no último encontro nacional, no fim de abril, sentiu o que é ser só "Tenho ressentimentos sim. É minha própria história. Fui cortado da fotografia da história."

O ex-secretário-geral do PT disse à CPI dos Bingos que uma das formas que Valério pode ter encontrado para arrecadar R$ 1 bilhão no governo seria a negociação com papéis dos Bancos Econômico e Mercantil de Pernambuco, liquidados extrajudicialmente. Para isso, precisaria de autorização do Banco Central, mas não a conseguiu. Para Arthur Virgílio, a recusa do BC em se submeter à pressão de Marcos Valério pode explicar "a raiva que os petistas têm da direção do banco".

Silvinho estava visivelmente transtornado. Parecia ter dormido mal e tinha olheiras como tivesse chorado muito. No fim do depoimento, acabou por fazer revelações importantes. Disse, por exemplo, que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares "fazia tudo sozinho, ao tomar os empréstimos, mas a direção do PT é também responsável, porque lhe dava respaldo político".

Segundo ele, a direção do PT não perguntava de onde vinha o dinheiro. "Diziam: há uma dívida. É preciso ir atrás de dinheiro E lá ia Delúbio atrás dele." Sobre caixa 2, explicou que pessoalmente não sabia de nada, mas acredita que "outras pessoas tivessem conhecimento".

Ao titubear sobre o que era ou não verdade em sua entrevista ao Globo, afirmou que alguma coisa poderia ter saído de sua imaginação. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), provocou: "O senhor já teve outros momentos de delírio?" Resposta: "Infelizmente, na minha vida, já tive outros momentos de delírio."

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