São Paulo (AE) – Há em ‘Lula: A Gestão da Esperança’ o forte documentário de Gonzalo Arijón, uma cena (entre outras) impressionante. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em Davos. Critica as grandes economias do planeta. Diz que acaba de vir de Porto Alegre, do Fórum Mundial Social… Sua fala fica em suspense. O moderador o interrompe, dizendo que não quer ouvir. É uma amostra eloqüente da dificuldade que tem um presidente do Terceiro Mundo ao falar com o Primeiro.

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O filme traça uma radiografia dos dois primeiros anos do governo Lula. O operário que chega ao poder e lança o projeto Fome Zero. À euforia, segue-se uma ampla discussão sobre os objetivos e as polêmicas desse governo. Lula ganha disparado, mas não tem maioria no Congresso. O presidente de esquerda mantém a política neoliberal; o operário governa para a elite e é chamado de traidor no Fórum de Porto Alegre. A Gestão da Esperança é anterior às denúncias contra José Dirceu. Ele aparece numa cena, à esquerda do presidente. Fidel também aparece, quando Lula discursa e promete uma revolução nestes quatro anos. Há um filme, igualmente interessante, nas entrelinhas. É crítico, sem deixar de ser esperançoso.

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