Às vésperas do 2º turno das eleições de 2002, as empresas Promodal e Tecnocargo, de Antonio Augusto Morato Leite Filho, doaram R$ 800 mil à campanha do então candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva. Até o fim de 2003, o empresário conseguiu manter contratos de R$ 104 milhões com o governo Lula, segundo a revista ‘Época’ desta semana. Investigado por fraudes nos Correios, ele também é alvo de uma ação que o Ministério Público deve apresentar nos próximos dias.
O empresário deu duas justificativas para a doação. Primeiro que ficou impressionado com o carisma de Lula, num jantar de empresários. Depois, que não poderia "ficar de fora". O tesoureiro da campanha, Delúbio Soares, confirmou à revista que realmente pediu a doação.
Morato Leite tinha interesses comerciais junto ao governo. Uma empresa que representava e participava dos resultados, a Beta, dividia com a Skymaster linhas aéreas da Rede Postal Noturna, serviço de encomendas dos Correios. As duas se revezavam na oferta das rotas das aeronaves em contratos firmados desde 2001, uma podendo subcontratar a outra. A parceria durou até o fim de 2003. O primeiro contrato foi de R$ 48,7 milhões, saltou para R$ 56 milhões, e já no governo Lula, foi renovado pelo mesmo valor.
Mas, ainda segundo a revista, em dezembro de 2003, houve um pregão público que obrigou a Skymaster a reduzir os valores cobrados à metade. Em 2004, negociou a recomposição dos preços e passou a ganhar mais do que antes de oferecer o desconto aos Correios.
Defesa
"Que coisa horrorosa. Não quero ser boi de piranha", afirmou hoje (2) o empresário Antonio Augusto Morato Leite Filho, que negou ter interesses nos Correios e se ofereceu para depor nas comissões de investigação no Congresso, além de pôr à disposição a quebra dos seus sigilos fiscal e bancário. "A empresa foi envolvida porque estão querendo tirar o foco."
Ele admite que a empresa Beta tinha parcerias operacionais com a Skymaster, cujos contratos com os Correios estão sendo investigados, mas afirma que rompeu com ela em meados de 2002. Segundo o empresário, a Promodal e a Tecnocargo, que doaram R$ 800 mil à campanha do PT, não mantêm contratos com a estatal. "A Promodal é uma agência de carga aérea que até hoje usa vôos da Skymaster, da Varig ou da Beta. E a Tecnocargo é uma empresa rodofluvial."