Esperar a Secretaria de Estado da Saúde ou a boa vontade de alguém. Essa é a realidade do médico Fernando Gomes de Mello, de 65 anos. Desde 2001 ele luta contra um câncer de pulmão e desde 12 de dezembro aguarda uma definição da secretaria para receber o medicamento Avastin, que não é padronizado pelo Ministério da Saúde – portanto não pode ser regularmente fornecido.
A Justiça concedeu uma liminar exigindo que o Estado de São Paulo providencie a compra. A Secretaria de Saúde informou que iniciou o processo, mas a importação de medicamentos, seguindo os trâmites legais, leva pelo menos 60 dias. ?É estranha essa posição, pois ele não agüenta esse tempo?, diz Ivo Galli, advogado de Mello.
Após o Estado de S. Paulo mostrar sua situação, no sábado, 30 de dezembro, uma pessoa (que prefere não se identificar) doou a próxima dose do medicamento para Mello. Essa será apenas a sexta de 24 aplicações que podem custar mais de R$ 10 mil, cada. As outras aplicações também foram doadas.
Enquanto espera, Mello precisará novamente do remédio, antes do final dos 60 dias. ?Esse prazo pode significar a perda da eficiência do medicamento?, disse o paciente ao Estado.
No Brasil, o medicamento já foi aprovado para o tratamento do câncer colo-retal pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele impede a formação de vasos sanguíneos ao redor do tumor, impedindo que ele se alimente. ?Em casos de câncer colo-retal, junto com a quimioterapia, existem evidências sólidas de que ela aumenta a expectativa de vida dos pacientes?, diz o oncologista Agnaldo Anelli. Nos EUA a droga também é aprovada para o tratamento de câncer de pulmão.