Átila Alberti/O Estado |
Os professores deverão redimensionar a metodologia oferecida dentro da sala de aula. |
O professor que optar realmente por um paradigma emergente como base de sua prática diária deve considerar alguns aspectos: ter a visão do todo de acordo com enfoque sistêmico em sua prática pedagógica; estabelecer com seu grupo papel de parceiro e colaborador; estar constantemente destacando e incentivando a participação de todos nas atividades propostas; ser um educador que direciona e conduz os alunos e o processo; perceber os alunos como sujeitos do processo; estar sempre buscando o diálogo; provocar uma ?aproximação? e troca entre sujeito do conhecimento e o objeto a ser conhecido; ter uma postura crítica e exigente, mas sempre reflexiva e democrática e considerar muito a comunicação interativa entre as disciplinas ou áreas do conhecimento.
O aluno, quando realmente envolvido em uma prática pedagógica baseada no paradigma emergente, deve ser levado a considerar: buscar a visão do todo (não a fragmentação); buscar aprender a aprender sempre com objetivo de melhoria de qualidade de vida para si mesmo e para os outros; ter acesso ao saber sistematizado; utilizar o raciocínio lógico, criatividade e espírito de investigação; dialogar sempre e construir textos próprios, com autonomia e visão da realidade que o cerca.
Os professores deverão redimensionar a metodologia oferecida dentro da sala de aula e contemplar atividades que ultrapassem as paredes das salas, os laboratórios e dos muros das escolas que configuraram o seu projeto pedagógico.
Cada nova abordagem (ou concepção) pedagógica para que desencadeie a aprendizagem colaborativa não depende só dos professores e sua prática pedagógica, visão dos alunos e da avaliação, mas dos gestores da educação, que deverão tornar-se sensíveis aos projetos criados pelos docentes.
Cabe então aos gestores e professores derrubarem barreiras que segregam o espaço e a criatividade dos alunos e dos professores restritos à sala de aula, ao quadro de giz e ao livro texto. Necessita-se da construção de um projeto político-pedagógico, que sintetize os anseios e os direcionamentos que propiciem a construção do conhecimento voltada para a emancipação do ser como cidadão.
Uma alternativa viável seria a construção de um projeto político e pedagógico baseado em um contrato pedagógico, no qual gestores, professores e alunos possuam responsabilidades específicas, o autêntico professor deve se sentir responsável pelo compreender do estudante, preocupar-se com a orientação formadora, os gestores devem construir condições para que essa orientação se dê e os alunos devem perceber esse esforço conjunto somando-se a ele na responsabilidade frente a aprendizagem.
O ?contrato pedagógico? deve existir baseado na confiança e na qualidade da organização. Em uma gestão democrática, participativa e comprometida com o conhecimento associada a uma prática pedagógica mediadora e promotora do desenvolvimento do conhecimento. O que não ocorre na existência de pseudo-educadores, sejam gestores ou professores, e com estudantes preocupados somente com a sua liberdade.
O que reflete o papel do aluno, aprendiz, autônomo nesse projeto político e pedagógico, que terá liberdade conquistada progressivamente. O aluno deve ser orientado à participação em aulas, que realmente interaja e compreenda, vendo respeitado seu próprio ritmo. O aluno deve aprender a se organizar, dirigir e exercer responsabilidades inseridas em uma participação ativa e colaborativa.
A liberdade do aluno não anula o professor, pois o aluno não deve enfrentar sozinho suas dificuldades sobre o pretexto de se emancipar. Para se formar bons estudantes é necessário dar-lhes uma base sólida, encaminhada pelo currículo representado pelo professor dentro do contexto social emergente para que se tenha um aluno com autonomia deve-se apostar em uma emancipação progressiva.
A progressividade gerenciada permite a intervenção do ?guia orientador/mediador?, somente quando a dificuldade bloquear totalmente o aprendiz. O professor deve determinar as aptidões dos alunos, aprimorando neles o desejo em trabalho em equipe, com o intuito de se acabar com o individualismo e a solidão ao aprender.
Esse incentivo ao trabalho em equipe não descarta a posição do professor/mediador, pois a ignorância não deixa de existir apesar da coletividade. O professor será um condutor e deixará a palavra nascer do aluno. Para que isso ocorra é necessário um programa e um planejamento das disciplinas nos estudos. E uma postura do professor como sendo um ator social, com base na filosofia de Paulo Freire, buscando os encaminhamentos de sua atuação pedagógica no contexto do aprendiz.
O objetivo dos programas delimitados em um projeto político e pedagógico é guiar os alunos através dos campos do conhecimento, deve ser planejado racionalmente, adaptado ao ritmo e à velocidade de assimilação. Obedecendo aos níveis, ciclos e o tipo de estudantes, evitando assim um círculo de sobrecargas.
De acordo com o paradigma emergente, o desafio passa por criar e permitir uma nova ação docente na qual tanto professores quanto alunos participam de um processo para aprender de forma criativa, dinâmica, encorajadora que tenha como base o diálogo e as descobertas. Esse processo deve permitir ao professor e aos alunos aprender a aprender num processo coletivo para produção do conhecimento.
Os professores ao mesmo tempo em que ensinam aprendem e os alunos, ao aprenderem podem estar ensinando. Eles são parceiros que devem estar buscando colaboração, cooperação e criatividade para tornar a aprendizagem mais significativa e crítica dentro de um contrato pedagógico democrático, definindo uma identidade política e pedagógica emergente para a educação escolar, unindo políticas de gestão e articulações práticas pedagógicas.