Belo Horizonte – A DNA Propaganda notificou extra-judicialmente o Banco do Brasil (BB) alegando que a instituição financeira deve R$ 12,982 milhões à agência de publicidade que tem como sócio o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Na notificação, formalizada ontem (20) no Cartório do 2º Ofício de Registro Civil, Títulos e Documentos de Brasília, a DNA afirma que o suposto crédito corresponde a serviços de publicidade e propaganda prestados para o Fundo de Incentivo Visanet, após 14 de dezembro de 2004 e no decorrer deste ano.
Enquanto Valério sustenta que a DNA é credora do BB, parlamentares da CPI dos Correios garantem que as investigações demonstram que pelo menos R$ 19,7 milhões foram desviados do banco estatal e abasteceram o esquema batizado de mensalão.
Na notificação, os advogados do empresário mineiro afirmam que os serviços prestados pela agência no período somaram um total de R$ 15,047 milhões. Deste valor foi descontado um montante da ordem de R$ 2,064 milhões que o BB identificou como pagamento por serviços não prestados pela agência, até 14 de dezembro do ano passado. A correspondência, datada de 17 de janeiro deste ano, na qual a Diretoria de Marketing e Comunicação do BB cobra da DNA o ressarcimento do saldo negativo foi anexada à notificação.
Segundo o advogado Rodolfo Gropen, foram anexados também uma planilha de cálculo com a soma dos gastos da DNA com os serviços de publicidade e propaganda em favor do Fundo de Incentivo Visanet; documentos que comprovariam estes serviços e as campanhas realizadas, além da evolução do saldo financeiro entre as empresas.
A defesa de Valério alega que tentou no dia 30 último entregar todo material na sede do BB em Brasília, mas o banco se recusou a receber a documentação com a alegação de que parte dela era formada por cópias dos originais. A DNA afirma que uma parcela desses documentos originais está em poder do próprio BB e outra em posse da Polícia Federal.
"Vou esperar 15 dias para a análise da documentação. Caso não haja uma resposta, a DNA vai procurar o Banco do Brasil para tentar uma solução amigável. Se não houver acordo, obviamente vamos entrar com uma ação de cobrança", disse Gropen.
Propaganda
A Assessoria de Imprensa da Visanet (Companhia Brasileira de Meios de Pagamentos) afirmou que a empresa "não tem a menor gerência" sobre a utilização da verba que entregou ao Banco do Brasil e que, segundo a CPI Mista dos Correios, foi repassada às agências de publicidade do empresário Marcos Valério Fernandes, acusado de ser operador do chamado esquema do "mensalão".
Assessores enfatizaram que a Visanet é um fundo e que o BB é "um dos 23 bancos" participantes, com direito a usar recursos da companhia para fazer propaganda dos cartões Visa. "O BB recebeu os recursos, e aí termina o papel da Visanet", disse um assessor. Acrescentou que a companhia já solicitou ao BB a documentação a respeito de tudo o que o banco fez com a verba da Visanet, em todas as campanhas publicitárias.
"A Visanet repudia a versão de utilização desse dinheiro para qualquer outra finalidade que não seja a de propaganda dos cartões Visa. O que a Visanet está dizendo é que repassou o dinheiro ao Banco do Brasil para este fazer propaganda dos cartões Visa. Se esse dinheiro foi usado para outro fim, como está sendo alegado, a Visanet repudia totalmente esses usos", afirma a Assessoria de Imprensa da Visanet.
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