Dívida pública pode crescer R$ 9 bilhões em um ano

A dívida pública pode crescer R$ 750 milhões por mês com a nova taxa básica de juros (Selic) em 21%, segundo cálculos do especialista em finanças públicas Raul Velloso. Se os juros se mantiverem no nível atual durante os próximos 12 meses, o endividamento pode avançar R$ 9 bilhões.

A relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB), um dos principais indicadores da solvência de um País, também será afetada pela medida do Banco Central. De acordo com Velloso, o indicador pode subir 0,7% em um ano. O BBV Banco também reviu suas estimativas de relação dívida/PIB para o fim do ano – o indicador deve subir de 61,5% para 61,7%, com uma taxa de câmbio de R$ 3,20.

A tentativa de conter a escalada do dólar com a elevação dos juros acaba causando um inchaço na dívida pública, que tem uma parcela de 55,7% atrelada à Selic – 24,5% variam com o câmbio, 7,7% são prefixadas, 9,87% flutuam seguindo índices de preços. 

A desaceleração da economia decorrente do aumento de juros é outro fator que pode deteriorar a relação dívida/PIB. Com uma taxa de juros mais elevada, o crescimento tende a ser menor, o que pressiona a relação dívida/PIB. “Para evitar esse cenário de piora na relação dívida/PIB, a elevação da Selic deveria vir acompanhada de um esforço fiscal, um aumento no superávit primário”, diz Fábio Akira, economista do Banco J.P. Morgan.

A elevação dos juros deve ter um reflexo no PIB nos próximos seis meses. Se a taxa atual for mantida por um trimestre no mínimo, o crescimento pode cair de 2% para 1,5% em 2003, segundo previsões do BBV. “Tudo depende da eficácia dessa medida para conter a alta do dólar”, diz Fernando Honorato Barbosa, economista do BBV. “Se com a elevação dos juros o câmbio apreciar, isso irá reduzir a dívida.”

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