Brasília – A dívida pública interna em títulos, nos três primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, teve crescimento nominal de R$ 356,47 bilhões, saindo de R$ 623 19 bilhões para R$ 979,66 bilhões. A variação é quase duas vezes superior à expansão de R$ 181,78 bilhões na dívida interna nos três anos anteriores (2000 a 2002), que contam com a mesma metodologia de apuração da dívida interna. Naquele período do governo Fernando Henrique Cardoso, a dívida saiu de R$ 441,41 bilhões para R$ 623,19 bilhões. Em termos relativos, a dívida interna subiu 57,2% entre 2003 e 2005, enquanto nos três anos anteriores o crescimento foi de 41,18%
A principal diferença entre os períodos é que, enquanto entre 2000 e 2002 o câmbio foi o principal motor do crescimento na dívida, entre 2003 e 2005 a taxa de juros alta foi o fator determinante para a expansão no endividamento interno. No período final do governo Fernando Henrique, a pressão sobre a taxa de câmbio foi causada pelas crises de energia, da moratória Argentina, do estouro da bolha das bolsas norte-americanas, dos atentados de 11 de setembro, dos escândalos corporativos nos EUA e da crise eleitoral. Já nos últimos três anos, no governo Lula, a dosagem elevada de juros foi feita para conter a inflação que, sobretudo no início de 2003 e, depois, no final de 2004, corria risco de sair do controle
Mas, se de um lado a dívida subiu de forma mais acelerada nessa base de comparação, por outro sua qualidade melhorou sensivelmente. Por exemplo, a participação dos títulos atrelados à taxa de câmbio no total da dívida mobiliária saltou, nos três últimos anos de FHC, de 22,82% para 37%. Já entre 2003 e 2005 a exposição cambial da dívida interna despencou para apenas 1,16%, o que significa uma redução drástica na vulnerabilidade do País aos humores do mercado financeiro internacional
Também melhorou a participação dos títulos prefixados (com juros definidos na hora da compra) no estoque da dívida. Em dezembro de 1999, esses títulos representavam 9% da dívida interna. No fim de 2002, totalizavam apenas 2,19%. Em dezembro do ano passado, entretanto, a participação desses títulos saltou para 27,86%
No perfil da dívida, o governo atual só não conseguiu melhorar a participação dos papéis atrelados à taxa Selic – Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), títulos com taxa de juros flutuante (pós-fixada). Entre 2000 e 2002, esses títulos saíram de 57,02% do total da dívida para 46,21%. Já em 2005, encerraram o ano representando 53,30% do endividamento total.