Dívida injusta

Em meio à torrente de notícias sobre o Carnaval brasileiro, uma informação procedente de Londres, onde se reuniu o G-7 (grupo de países mais industrializados), trouxe alguma perspectiva de alívio às nações que se encontram no pólo oposto: as mais pobres do mundo. O ministro inglês da Fazenda, Gordon Brown, propôs a seus pares o cancelamento total da dívida dos citados países.

Segundo a proposta de Brown, a princípio rejeitada pelo subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Taylor, o Banco Mundial e outras instituições de crédito internacional deverão avaliar a maneira de cancelar as dívidas de até 37 países, a maioria africanos.

Um dos ministros convidados a participar da reunião do G-7 foi o brasileiro Antônio Palocci, convite extensivo aos colegas da China, Índia, Rússia e África do Sul. Palocci defendeu a idéia de maior atenção dos países ricos para com os pobres, tema ratificado pelo presidente Lula nos recentes fóruns mundiais de Porto Alegre e Davos, componente exponencial da atual diplomacia brasileira em relação ao Primeiro Mundo.

A posição do governo norte-americano, destoando da proposta do ministro britânico, foi enquadrada pela ministra inglesa Hilary Benn, do Desenvolvimento Internacional, ao reafirmar que "uma solução para o assunto deve ser encontrada até 2006, com ou sem a participação dos Estados Unidos". O próprio Gordon Brown afirmara: "Estamos ouvindo as vozes dos mais pobres e mostrando que nenhuma injustiça pode durar para sempre".

O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, deu apoio integral à proposta do ministro inglês, cujo projeto também passa pela criação de uma agência internacional e a viabilização de um novo Plano Marshall para ajudar o mundo em desenvolvimento. Esta é, efetivamente, uma proposta exeqüível e capaz de reparar equívocos perpetrados em nome de suposta superioridade político-financeira.

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