?Está pelada a coruja?, costumava dizer o ex-governador Leonel Brizola, valendo-se de expressão típica de seu estado natal, o Rio Grande do Sul, quando queria tornar definitiva a apreciação sobre determinadas questões. Um jeito de falar entretecido ao longo do tempo pela inteligência perspicaz das pessoas mais simples, acostumadas a recolher observações de seu habitat e a formular juízos próprios, logo assimilados pela sabedoria popular.

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Pelo andar da carruagem parece ser este o mais adequado balanço do sofrível desempenho de Geraldo Alckmin (PSDB-PFL) nas pesquisas de intenção de voto divulgadas pela CNT/Sensus e Datafolha. Em ambas Lula venceria no primeiro turno se a eleição tivesse ocorrido domingo passado, por exemplo. Na falta de argumento mais elaborado, o candidato tucano apelou para uma saída chinfrim, ao se referir especificamente ao inquérito realizado pelo instituto Sensus, em que perdia para Lula por 47,9% a 19,7%: ?Você leva a sério isso??.

Buscando remendar a declaração infeliz, Alckmin insinuou ter mais confiança no Datafolha, cujos números sairiam mais tarde. E eles também não foram bons: Lula venceria por 47% a 24%. Aí a frase passaria a ser a do marquetólogo de Clinton explicando a um basbaque qualquer a oceânica vantagem do democrata: ?É a economia, estúpido!?.

Para dar sustança ao repertório do tucano de vôo curto e inseguro, haveria ainda o recurso de evocar a genialidade do então presidente da Arena, o deputado federal por Minas Francelino Pereira: ?A Arena é o maior partido da América Latina?. Se esta não serve, pode-se ir mais fundo e imitar o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo Abreu Filho: ?Os ataques do PCC podem ter ligação com um ex-secretário da Marta?. Um tal Jilmar Tatto, na época falsamente acusado (a Justiça o inocentou) de facilitar o ingresso de membros do PCC numa cooperativa de perueiros da capital.

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Faria bem a Geraldo Alckmin continuar consultando a antologia dos ditos célebres…