Disputa de poder pode ter provoca chacina de moradores de rua

São Paulo, 10 (AE) – Uma disputa de poder, domínio de área e demonstração de resultados entre grupos de seguranças clandestinos pode ser o motivo dos ataques que mataram seis moradores de rua e deixaram dez feridos no centro de São Paulo. É essa a opinião do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica, que acompanha e colabora com a apuração do crime.

“Me parece que há um interesse de limpeza. Assim como há grupos que na periferia brigam por domínio das áreas de tráfico, no centro há grupos que brigam pela hegemonia da segurança. Há um interesse muito grande de mostrar serviço e de apresentar resultado porque esse é um negócio muito lucrativo e que ninguém tem controle”, disse Lancellotti.

A afirmação foi feita hoje à tarde, na saída Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde o religioso esteve para trocar informações com os responsáveis pela investigação do crime.

Após uma reunião de mais de um hora com os delegados, entre eles o chefe da divisão, Armando de Oliveira Costa Filho, Lancellotti reiterou o que disse no dia anterior: “Há uma segurança clandestina que é imposta e que as pessoas têm de contribuir de forma compulsória para não sofrer retaliação”.

Segundo eles, alguns moradores de rua podem ter virado vítimas porque poderiam saber demais. “Justamente por estarem no epicentro de toda essa efervescência.”

O delegado Costa Filho, em conversa com jornalistas, não descartou a participação de mais de um grupo no massacre dos mendigos. Lancellotti também admitiu essa hipótese, mas disse que se ela for real os grupos devem estar articulados e sob um único comando.

O padre afirmou que há um interesse não declarado de “muita gente” de tirar os moradores de rua da região central da cidade, não através de programas sociais, mas através da pressão.

Lancellotti e policiais do DHPP evitaram endossar a expectativa do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, de concluir as investigações até o dia 19, data em que o crime completa um mês.

“A gente espera que resolva o caso o quanto antes, mas sem estabelecer uma data para isso”, disse o religioso.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin(PSDB) também evitou estipular datas para a solução do caso. “As investigações estão praticamente concluídas e, o doutor Saulo, fechando os últimos dados, vai esclarecer quem são os criminosos e a motivação do crime. Mas vamos deixar que a polícia se pronuncie. Acho que nem preciso cobrar do doutor Saulo algum prazo. Ele faz um bom trabalho .”

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo