O ministro Nelson Jobim, da Defesa, estimulado pelo convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a botar em pratos limpos a confusa gestão da crise aérea brasileira, decerto levou em conta a imponência do cargo que passou a desempenhar na estrutura de governo.
Uma de suas primeiras decisões foi anunciar a renúncia de Milton Zuanazzi da presidência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), tida como um dos pivôs da crise.
A pressão do ministro e da própria CPI do Apagão Aéreo culminou com os pedidos de afastamento dos demais diretores do órgão, mas, apesar disso, nem todos os substitutos indicados assumiram suas funções, porque o Senado ainda não completou o ciclo de sabatinas.
O caso mais flagrante é o de Zuanazzi, nomeado pelo presidente da República para um mandato que se estende até 2011, do qual o portador só sai por livre e espontânea vontade. Requisitos que, nesse momento, não fazem parte do comportamento pessoal do presidente da Anac.
Na bolsa de especulações políticas, Zuanazzi não larga o osso por sentir-se bafejado pela proteção da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, aquela que o indicou para o cargo. Como se sabe, os ministros Jobim e Dilma desfrutam a pré-condição de presidenciáveis e, possivelmente, aí esteja a causa da ?competição de poder? entre ambos. Quem perde é o governo.
