A enxurrada de malfeitos que a turma do presidente Lula derramou sobre a imagem até então preservada do Partido dos Trabalhadores e, porque não repetir pela enésima vez, de seu presidente de honra e maior líder, investido pelo voto popular das funções de chefe do governo, acabou servindo de munição para os ataques desferidos pelo PFL no programa veiculado no horário eleitoral gratuito, quinta-feira passada.
Para dizer pouco, sem tirar toda a razão que assiste o nicho do conservadorismo político brasileiro, nesse contexto prenhe de situações incômodas e constrangedoras que os ?companheiros? do presidente da República não tiveram suficiente zelo para evitar, é preciso reconhecer que um partido como o PFL, com escassas contribuições ao processo de engrandecimento da democracia, chega às raias de sentir-se à vontade para tecer críticas acerbas ao governo.
Cevado que foi na estufa benfazeja do regime ditatorial, como extensão da Arena protegida por um arcabouço legal cozinhado por bruxos dispostos a produzir verdadeiros aleijões jurídicos, garantindo a satisfação das vontades dos poderosos do momento, o PFL deu continuidade à extensa pauta de serviços prestados ao ciclo encerrado com a eleição de Tancredo Neves, alçando a mesma bandeira nos governos de Sarney, Collor e Fernando Henrique.
Alguém poderia dizer que ao criticar o governo, com base nas aleivosias praticadas pelos auxiliares mais próximos da pessoa do presidente Luiz Inácio, alguns deles credenciados de forma natural a preencher o espaço restrito e seletivo do chamado núcleo duro do governo, o PFL faz o papel do roto rindo do esfarrapado. Contudo, tantas foram as mancadas do time de assessores presidenciais, que os pefelistas não teriam outra escolha senão mergulhar na farta messe oferecida por José Dirceu, Luiz Gushiken, José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira, entre tantas outras figuras de triste memória.
Embora tenha criticado com aspereza em determinadas passagens do programa eleitoral, o PFL também foi incapaz de acenar com propostas modernas e diferenciadas ao que tanto acusa de deterioração. Dizer que o presidente sabia de tudo sobre a ação dos colaboradores íntimos e, nem assim tomou providências enérgicas, além de não ser novidade, a essa altura, não serve para modificar a intenção assumida por milhões de eleitores. O discurso repetitivo do PFL, sabem todos, está absolutamente esgotado.