Discurso de Lula divide opinião de militares

Os elogios do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, à política econômica e de planejamento de longo prazo adotada no Brasil durante o regime militar, foi recebida com estranheza por alguns, com surpresa por outros e com bons olhos por vários oficiais da ativa e da reserva consultados hoje pelo Estado.

O ex-ministro do governo militar, coronel da reserva e ex-senador Jarbas Passarinho, com grande trânsito nos quartéis, traduziu o reconhecimento do petista como parte de um plano estratégico de moderação, onde se procura o pragmatismo de resultados para fazer valer um ditado que ele ouvia na época do extinto PSD que dizia: o feio, em eleição, é perder.

Passarinho, um dos poucos da corporação que falam publicamente sobre política, por ser um político, considera a postura do candidato do PT uma ?nítida tentativa de aproximação com a categoria?. Ele recordou-se do que ouviu do deputado Gerson Peres (PDS-PA), quando deixou a caserna e assumiu, nomeado, o governo do Pará: ?o senhor está saindo do quartel para a política e, na política, o senhor vai ver até boi voar?. O ex-senador diz que está mesmo vendo boi voar, quando vê Lula elogiando a política econômica dos militares ou apertando as mãos do ex-governador Orestes Quércia e do ex-presidente José Sarney.

Para o ex-senador as declarações do petista estão agradando muito a área militar, que é nacionalista, mas ressalva que isso, certamente, deverá provocar a ira de muitos radicais do partido, que já haviam sido contidos há dois anos, quando Lula fez elogio semelhante ao governo militar. Embora de forma indireta, na ocasião ele exaltou o crescimento existente no Brasil entre os anos 50 e 80. ?Agora, ele foi mais direto, e elogiou o Médici (ex-presidente general Emílio Garrastazu Médici), considerado o grande vilão do período do governo militar?, completou Passarinho.

Mas a dúvida, no entanto, persiste pois muitos ainda vêem em Lula ?o velho lobo, apenas vestindo uma capa de cordeiro?. A grande preocupação dos militares, que evitam se expor porque não querem se envolver diretamente em questões políticas, é que os candidatos não têm dedicado espaço em suas agendas e em seus programas, para a discussão de temas de interesse da área como o papel das Forças Armadas e a necessidade de destinar mais recursos para garantir o cumprimento de sua missão constitucional.

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