O consultor Nathan Blanche, da consultoria Tendências, considera que o posicionamento crítico ao acordo do Brasil com o FMI do candidato Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, pode estar ajudando o mercado a adotar uma postura mais defensiva hoje.
?Sem o apoio claro do Ciro, o pacote de US$ 30 bilhões do Fundo vira US$ 6 bilhões?, disse o consultor. Ele lembra que do total emprestado pelo Fundo, 80%, ou US$ 24 bilhões, só serão liberados caso os candidatos apóiem o acordo e assumam alguns compromissos básicos como superávit primário, controle da inflação e respeito aos contratos.
Nathan observa que o candidato da Frente Trabalhista, despejou críticas ontem. ?Não compartilho da absurda propaganda que parece comemorar o que foi um desastre para o País?, disse Ciro, acrescentando depois que ?podem quebrar meus braços, mas não concordo em projetar para o futuro políticas econômicas equivocadas?.
Segundo Nathan, há no mercado quem ainda minimize esta retórica de Ciro, considerando que se trataria de uma estratégia populista – que até prova em contrário vem dando certo eleitoralmente como mostram as pesquisas – e que poderia se reverter para um discurso mais ?market-friendly? após a eleiçao.
?Pode ser, mas o fato é que este discurso assusta e piora as expectativas?, comentou o consultor. ?O Lula percebeu que não vale a pena ganhar com um discurso incendiário mas receber um País em frangalhos. Já o Ciro parece disposto a ir para o jogo do vale-tudo?, comentou Nathan.
Para ele, o Brasil não está conseguindo aproveitar um acordo que até foi mais comemorado no exterior do que aqui. ?Foi um acordo de auto-ajuda, pois favorece os bancos com elevada posição no Brasil?, disse o consultor, referindo-se às fortes altas das ações de intituições americanas ontem na Bolsa de Nova York.