Um vídeo gravado por uma advogada da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) mostra o diretor de presídios Amaury Vieira Rosas recebendo R$ 20 mil das mãos dela para facilitar a vida dos líderes da facção na cadeia. O vídeo foi gravado no dia 21 de março pela advogada e chegou à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo em 28 de junho. Uma investigação foi aberta e, anteontem, a Justiça decretou prisão de cinco dias para o diretor. Rosas, que atualmente era diretor de disciplina da Penitenciária de Iaras, foi preso às 13h de ontem.

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Na época da gravação, Rosas era o diretor de disciplina da Penitenciária de Avaré. Ele recebeu o dinheiro dentro de seu Escort vermelho. Foram três maços de R$ 5 mil entregues pela advogada e um por um homem que passa ao lado do carro.

Era em Avaré que estavam presos Marcos Camacho, o Marcola, Júlio Cesar Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, e Orlando Mota Junior, o Macarrão, todos da cúpula do PCC. Na conversa gravada, fica claro que a advogada representa os três na negociação, ao chamá-los de "os meninos".

Na época, a cúpula do PCC estava trancada em suas celas, sem direito a banho de sol. A apuração ordenada pelo secretário de Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, revelou que após o pagamento da propina, o castigo foi suspenso e os presos do PCC voltaram a ter banho de sol.

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Foi em março que chegaram ao presídio de Avaré as 40 TVs encomendadas pela cúpula do PCC para que os presos pudessem assistir aos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo. As TVs acabaram sendo apreendidas, mas não há inquérito policial instaurado para apurar a origem delas. O expediente sobre o caso teria sido anexado pela polícia em outro inquérito sobre o PCC.

Na conversa com a advogada, o diretor diz que apanhou uma lista de prisões onde os integrantes da facção criminosa seriam "oprimidos". A lista, diz Rosas, foi passada ao então titular da SAP, Nagashi Furukawa. Em seguida, eles conversam sobre R$ 1 milhão e a advogada sugere que o PCC estaria disposto a desembolsar a quantia para bancar uma fuga dos chefes. Mas Rosas diz que isso "não tem jeito".

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Rosas então sugere que poderia tentar transferir Marcola, Carambola e Macarrão para um presídio de alambrado, sem muralha, mas só depois que Furukawa deixasse a SAP. A advogada interrompe a conversa para dizer: "Dá uma olhadinha. Aí tem R$ 20 mil, certinho?

Em seguida, o diretor diz que só não tolerará armas de fogo com os presos. "Eu não aviso eles (de blitze) se tiver arma de fogo na mão… Agora, o resto eu aviso eles pra dispensar um radinho (celular), uma droga eu aviso… agora, arma de fogo é um perigo pode machucar tanto eles como nós." O diretor diz que avisou tanto Marcola como Macarrão em relação às armas.

Ao ser preso, Rosas foi levado pela polícia a uma delegacia de Avaré, onde foi submetido a interrogatório por três horas. Durante todo o tempo, ele negou as acusações. Com a prisão, a SAP decidiu afastar do cargo também o atual diretor de Iaras, Fernando José Tomazella da Silva, que chefiava Rosas em Avaré.