Mais uma leitura da última pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha foi apresentada pela edição dominical da Folha de S. Paulo. Decerto as assessorias dos candidatos a cargos majoritários, em especial os chamados presidenciáveis, se debruçaram sobre os números na busca de elementos que norteiem a mensagem a ser passada daqui em diante pelos candidatos. O percentual mais relevante da pesquisa mostra que 47% do eleitorado brasileiro assume, sem problemas, a coloração ideológica de direita. No centro colocam-se 23% e no lado oposto do arco os restantes 30%.
O eleitor brasileiro é, por definição, um conservador convicto de suas idéias e posições a respeito do aborto, drogas e métodos de combate à criminalidade. O quadro resultou das 6.969 entrevistas realizadas pelo Datafolha em todo o País, em perguntas complementares feitas na mesma pesquisa sobre intenção de voto nos candidatos à Presidência da República. Um dado interessante é que o perfil conservador dos brasileiros tem se mantido forte desde os anos 90s, época em que surgiu e ganhou incremento o debate dessas questões difíceis e, de certo modo, inaceitáveis para muitas pessoas.
Na verdade, posições típicas da direita conservadora são assumidas pela maioria dos eleitores que se incluíram tanto no centro quanto na esquerda, opinando serem contrários à descriminalização da maconha, mas a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos e da pena de morte.
Os magos contratados a peso de ouro para achar a fórmula ideal a ser utilizada pelo candidato para conquistar a maioria dos eleitores, tarefa que por certo vai exigir o aporte de sociólogos, cientistas políticos e comportamentalistas de escol, vão se esforçar ao máximo para tirar o melhor proveito possível do inesperado emparelhamento da inclinação conservadora entre eleitores declarados de Lula e Geraldo Alckmin. Em outras palavras, é exígua a diferença de idéias entre lulistas e geraldinos, indicando a pesquisa que os eleitores de Alckmin são pouquinha coisa mais irredutíveis em torno da maioridade penal e da pena de morte.