Diante da possibilidade de segundo turno na eleição, indicada em pesquisas de intenção de voto, o comando da campanha petista decidiu jogar o presidente Lula nos braços do povo. Para popularizar ainda mais a imagem do presidente-candidato, que assumirá o estilo garoto-propaganda do governo nas viagens, o comitê da reeleição prepara atos de rua nos Estados, a partir de amanhã

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A nova estratégia apelará para o tom emocional e pretende realçar o que Lula tem de mais forte: a identidade com os mais humildes. O publicitário João Santana está convencido de que é preciso sair da retaguarda e exibir o estilo carismático de Lula no palanque para enfrentar com "paz e amor" os tiros dos adversários

Apesar de comentar em público que perdeu o hábito de fazer campanha, Lula vive dizendo, em conversas reservadas, que não vê a hora de pôr o pé na estrada. "Sou um animal político." Ele já decorou o novo jingle, que não por acaso é um baião – ritmo do Nordeste, onde aparece com mais de 60% das preferências – e o apresenta como o primeiro presidente com a "alma do povo"

"Nossa campanha será de mobilização e Lula irá às ruas", diz o presidente do PT, Ricardo Berzoini. "O presidente vai fazer o que ele sempre gostou: participará de comícios, caminhadas e terá contato com o eleitor. Tudo o que temos de melhor é o Lula e não vamos esconder isso, apesar das amarras do cargo", completa o governador do Acre, Jorge Viana (PT)

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A largada oficial da quinta campanha presidencial de Lula será dada amanhã, em comício no Recife, no emblemático bairro de Brasília Teimosa, reurbanizado em seu governo

Todos os ministros petistas, governadores e prefeitos do partido foram escalados para participar da campanha. Embora a recomendação jurídica do Planalto seja para que evitem comparações entre o governo do PT e a gestão de Fernando Henrique Cardoso, tudo indica que a ordem não vai pegar

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"Comparar é viver", resume o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. "Nenhum de nós pode, num ato oficial, usar dados comparativos, mas também ninguém pode ser impedido de comparar governos, porque isso seria a violação de um direito elementar." Os ataques a Lula serão respondidos por dirigentes do PT. "Quem está no governo evita bater boca", diz Berzoini