O ex-ministro José Dirceu negou nesta terça-feira (9) que a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à Presidência da Câmara dos Deputados seja uma articulação entre ele e a ex-prefeita Marta Suplicy, acusação feita ontem pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Em entrevista concedida hoje à Rádio Eldorado, Dirceu afirmou que a candidatura de Chinaglia é unanimidade na bancada do PT e na direção do partido.
"Não tive nenhuma participação nessa decisão. Não sou nem deputado, nem dirigente do PT", disse. Segundo o ex-ministro, Chinaglia tem ainda o apoio da maioria do PMDB. "As declarações do presidente do PMDB, Michel Temer, são claras, deixando evidente que essa terceira via é inviável", acrescentou.
Na avaliação de Dirceu, a candidatura da terceira via, como vem sendo chamada, é na verdade uma tentativa de a oposição conquistar a presidência da Casa. "Essa terceira via não é terceira via, pois o deputado Raul Jungmann foi ministro do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e é aliado do PSDB e da oposição. É uma candidatura da oposição travestida de terceira via", considerou. "Tentar deslegitimar a candidatura de Arlindo Chinaglia ou de Aldo Rebelo (PC do B-SP) porque eles são de partidos que apóiam o governo não fica bem para o deputado Raul Jungmann e para nenhum desses deputados", completou.
O ex-ministro lembrou que Michel Temer, Inocêncio Oliveira, Luiz Eduardo Magalhães e Aécio Neves foram presidentes da Câmara durante o governo FHC com o apoio dos partidos da base aliada da época, incluindo Raul Jungmann, que na época era deputado pelo PSDB. "É natural que os partidos que formam a maioria na Casa busquem uma candidatura para eleger a presidência da Câmara, preservadas as prerrogativas do Legislativo, mas em consonância com o governo. Isso é do nosso sistema presidencialista", opinou.
Para Dirceu, a oposição tem direito de tentar eleger o presidente da Casa, mas não a pretexto de moralizar a Câmara. "Essa plataforma que eles apresentaram não é exclusiva deles. A bancada do PT apóia essa plataforma de adotar todas essas medidas que a Câmara precisa adotar. Não é verdade que essa bandeira da moralidade é apenas desses deputados", afirmou.
Dirceu disse ainda que embora a oposição tenha o direito de lançar um candidato, o movimento pela candidatura alternativa é muito restrito e não tem força para vencer a eleição. "Na verdade não existe essa candidatura alternativa e não existe esse movimento. Esses deputados, que aliás não são 30, como disse o próprio deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que participou da reunião, não têm força na Câmara ainda que tenham legitimidade para disputar a presidência", declarou.