Um dia depois de ganhar fôlego no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP), entrou e saiu correndo da Câmara hoje (24). Pouco antes das 16 horas, o ex-ministro ficou menos de três minutos na Casa. Entrou, correu até o Plenário e registrou presença. Saiu na seqüência. Semblante tranqüilo, disse apenas acreditar que não perdeu votos dos colegas de parlamento diante da reação negativa de grande parte deles à decisão do STF, que pode adiar a sessão de cassação do mandato de Dirceu, marcada para quarta-feira.
No Congresso, a avaliação é de que a votação do Supremo pode levar Dirceu ver escapar qualquer chance política de preservar o seu mandato. A oposição prega desobediência ao Judiciário. "Fechei minha boca. Não falo mais nada", disse Dirceu, tentando se desvencilhar de um pequeno grupo de jornalistas que o cercou à saída da Câmara. "Estou tranqüilíssimo", afirmou, acrescentando "estar pronto" para a sessão de sua cassação na semana que vem. Ao ser questionado sobre a razão da correria, disse que "ficaria se houvesse sessão".
A preocupação dele hoje, disse, era apenas atender ao pedido da filha Joana. "Vamos ao cinema", avisou. Sobre a reação da oposição ao Judiciário, minimizou: "Faz parte da democracia. Mas eles (deputados) bateram palmas para o Supemo duas vezes." Hoje o advogado de Dirceu, José Luís de Oliveira Lima, o Juca, afirmou que não vai pedir nenhum esclarecimento ao Supremo. Afirmou que vai aguardar o voto de minerva do ministro Sepúlveda Pertence e que considera "prudente" que a Câmara espere a decisão judicial ao invés de dar prosseguimento ao processo.
De amanhã (25) até segunda-feira (28) Dirceu fica fora de Brasília, devendo passar por Campo Grande (MS), Santos (SP), Recife (PE) e João Pessoa (PB), onde apoiadores organizam atos semelhantes aos realizados no Rio, em São Paulo e Brasília em apoio ao ex-ministro. Até quarta-feira Dirceu deve ficar menos tempo possível no Congresso. "Vai submergir?", perguntou uma jornalista. Ele respondeu com um sorriso.