Dirceu depõe por 50 minutos à Comissão de Sindicância da Câmara

O deputado José Dirceu (PT-SP) depôs hoje por 50 minutos à Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados que investiga o suposto pagamento de "mensalão" pelo PT a parlamentares do PP e do PL, em troca de apoio ao governo federal no Congresso. O depoimento foi secreto, a portas fechadas, como determina o Regimento Interno da Câmara, e Dirceu saiu sem dar declarações.

O corregedor da Câmara e presidente da Comissão, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), revelou que o depoimento "esclareceu as dúvidas" dos cinco integrantes da Comissão em relação às denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). "Ele esclareceu os fatos. Eu não posso falar sobre o depoimento dele, porque é sigiloso. Ele atendeu prontamente ao nosso convite. Não tenho nenhum reparo ao que ele falou e à forma como se portou. Sobre o ‘mensalão’, só vamos saber no final, com o relatório do deputado Robson Tuma", disse o corregedor.

Segundo Ciro Nogueira, 11 parlamentares já prestaram depoimento à Comissão, que tem uma lista de 41 pessoas a serem ouvidas, entre deputados e supostos envolvidos no esquema. O corregedor esclareceu que, ao contrário do Conselho de Ética da Câmara, a Comissão de Sindicância não analisa apenas a possível quebra de decoro parlamentar do deputado Roberto Jefferson se as denúncias não forem comprovadas. "O Conselho analisa a cassação ou não do deputado Roberto Jefferson por conta da representação do PL (que pediu a quebra do decoro parlamentar). A Corregedoria, com a sua Comissão de Sindicância, está analisando todas as denúncias que saíram na imprensa e o que o deputado Roberto Jefferson falou no seu depoimento ao Conselho de Ética", informou.

A Comissão de Sindicância tem prazo regimental de 20 sessões plenárias da Câmara para concluir os trabalhos. "Estamos correndo contra o tempo para entregar o relatório nesse prazo", disse Ciro Nogueira. Segundo o relator da Comissão, deputado Robson Tuma (PFL-SP), os depoimentos devem ser mantidos em sigilo a fim de permitir que apareçam contradições entre os depoentes: "Quando o depoimento é público, o depoente seguinte vai prestar atenção e não vai dizer nada que se possa comprovar ser mentira. No depoimento sigiloso podemos pegar as contradições".

Sobre a curta duração do depoimento do deputado José Dirceu ? o de Roberto Jefferson durou duas horas ?, Tuma disse que o tempo não é o fator mais importante nos questionamentos da Corregedoria da Câmara. "Ali estamos em quatro ou cinco deputados, ou seja, o tempo é muito menor do que numa Comissão que tem 40 ou 50 deputados perguntando".

Além de Ciro Nogueira e Robson Tuma, integram a Comissão de Sindicância os deputados Osmar Serraglio (PMDB-PR), Mussa Demes (PFL-PI) e Odair Cunha (PT-MG).

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