Dirceu continua lutando; agora para reaver direitos poíticos

O ex-deputado José Dirceu (PT-SP) afirmou nesta quinta-feira que vai lutar para recuperar seus direitos políticos, suspensos até 2015 por decisão tomada pela Câmara. "Estou totalmente convencido da minha inocência e vou continuar lutando para provar isso. Vou continuar lutando para readquirir meus direitos políticos. Foram tomados de forma violenta", disse Dirceu, durante entrevista coletiva.

Ele afirmou que seus advogados vão estudar o processo. Deixou a quase certeza de que não recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF), como fez durante todo o processo de sua cassação. "Não tenho mais ânimo para ir ao Supremo", disse. Qual seria então a fórmula para ele recuperar os direitos políticos antes de 2015? Alguns parlamentares do governo deram as pistas: terminadas as CPIs em curso, e não se comprovando o ‘mensalão’, e numa época em que a situação for mais tranqüila, poderia ser apresentado ao Congresso um projeto de anistia de Dirceu, sob o argumento de que a cassação foi injustificada.

Há precedentes. Em janeiro de 1995 o Congresso aprovou anistia ao então senador Humberto Lucena (PMDB-PB), cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por improbidade administrativa. Lucena mandara confeccionar material de propaganda na Gráfica do Senado. Com a anistia, a decisão do TSE foi anulada. Recentemente, senadores da esquerda tentaram fazer o mesmo pelo casal Cabiperibe, o senador João e a deputada Janete, ambos do Amapá, cassados também pelo TSE, por compra de votos. O projeto ainda não foi votado.

Dirceu disse que sua cassação foi política, não pelos seus erros, que ele admitiu, mas pelas qualidades. "Não fui cassado pelos erros meus, mas pelas minhas qualidades, pela minha atuação no governo. Cometi muitos erros, mas não fui cassado por eles". Ele reafirmou que não foi cassado por corrupção. "Não sou corrupto. Tenho as mãos limpas. Minha cassação é política. O País todo sabe porque fui cassado".

Quanto ao futuro, Dirceu disse que não se afastará da vida política, mesmo sem mandato. "Sou ex-deputado, ex-ministro, ex-presidente do PT. Sou apenas José Dirceu". Depois, contou que vai montar um escritório de advocacia em sociedade com Lilian Ribeiro, e que terminará com o jornalista e escritor Fernando Moraes um livro sobre os 30 meses em que esteve à frente da Casa Civil. "Espero que venda muito, porque preciso de renda".

O livro, segundo Dirceu, contará muita coisa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não vou fazer um livro chapa-branca. Vou fazer o livro no limite. Tudo o que for necessário relatar, vou relatar. Mas é claro que não vou abrir segredos de Estado nem comprometer a segurança do Estado". Dirceu contou ainda que no início do ano deverá viajar para os Estados Unidos, onde ficará por três meses para estudar.

Dirceu se disse convencido de que uma das razões da crise política atual é ele próprio. "A crise tem regras. Não sou idiota. Sou uma das razões da crise. Há denúncias de corrupção. Estou sendo investigado". Para ele, PT e governo, que foram muito atingidos, estão se recuperando. Mas acha que a oposição não dará tréguas. "Parte da crise é artificial, criada pela oposição para sangrar o governo até o fim, deixar o presidente Lula fraco e tentar vencer a eleição".

O ex-deputado acha que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vai continuar a sofrer ataques da oposição. "A oposição tenta desestabilizar e demitir o ministro Palocci há muito tempo. O objetivo da oposição é sangrar o governo". Mas ele espera que o ministro resista. "Ele é imprescindível para o Brasil". Dirceu ameaçou fazer considerações sobre as denúncias contra Palocci, durante sua gestão à frente da prefeitura de Ribeirão Preto. Mas se arrependeu. "Não vou falar sobre isso. Estou falando demais".

José Dirceu disse que dói muito ser cassado e perder o mandato. "Para mim, é valioso, é como se tivesse perdido minha própria vida. Não pelo cargo. É uma dor que você não pode imaginar. Espero ter força suficiente na minha vida para superar isso". Ele admitiu que foi difícil dormir nos últimos meses e que errou muito quando esteve na Casa Civil. "Numa situação destas, dormir já está muito bom. Tenho um vida controlada, comida, bebida, cinema, leitura, ginástica e não tomo medicação. Mas ninguém numa situação igual à minha dorme bem. Se dissesse que sim, seria uma mentira. Mas deu para o gasto".

Ele condenou o caixa 2 dos partidos. "Sou contra o caixa 2. Gera corrupção e tráfico de influência". Mas defendeu o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, responsável pelo caixa 2 e pela derrocada do partido. "O Delúbio Soares cometeu erros, está pagando por eles, foi expulso do PT. Mas o Delúbio é uma pessoa honesta, de vida simples. Ele não pegou nada para ele. Sempre fui amigo dele. Não recebê-lo no Palácio do Planalto – nem o Silvinho (Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do PT) é que seria o errado".

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