O setor de comércio conta os dias restantes para o final do mês, quando as empresas deverão pagar a primeira parcela do 13.º salário (50%), quantia que não sofre desconto de qualquer natureza. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), mais de 56 milhões de trabalhadores serão beneficiados com R$ 45,9 bilhões a serem aplicados nas compras natalinas.
É comum, nessa época, os órgãos de imprensa entrevistarem economistas solicitando dicas de como usar esse dinheiro extra. As respostas, quase sempre, colocam em primeiro lugar a separação duma parte do 13.º para o pagamento de dívidas, sobretudo com o cheque especial ou cartão de crédito.
O pagamento de dívidas, muitas delas roladas com juros altíssimos, vai consumir a maior parte do dinheiro que está chegando às mãos dos trabalhadores. Sem dúvida, essa é a melhor alternativa para evitar o crescimento desmesurado do valor devido.
Além daqueles gastos obrigatórios em presentes, os economistas também aconselham que uma parte vá para a poupança, caso ocorra o imponderável de sobrar algum na carteira do combalido assalariado brasileiro.
O benefício também será pago aos empregados domésticos, trabalhadores rurais e avulsos, conquanto os aposentados e pensionistas do INSS somente recebam entre os dias 1.º e 7 de dezembro, com a vantagem do pagamento integral.
Festeja-se dessa forma a repetição da tradicional e ansiosamente esperada bolha de compras de final de ano, ocasião em que o comércio expande suas vendas em volumes consideráveis.
São essas datas especiais, e o Natal é a principal, que permitem ao comércio faturamento extra à vista do ritmo lento das vendas nos chamados períodos intermediários. De qualquer forma, fontes do setor não acreditam na venda de produtos de custo elevado, concentrando a expectativa de bom desempenho nos presentes de preços mais acessíveis.
Já se afirmava há algum tempo que o Natal seria magro e as evidências não deixam de apontar nessa direção. Mesmo com a elevada quantia a ser liberada nas próximas semanas, o consumidor de renda baixa não poderá exceder-se em gastos e, tampouco, arcar com novas dívidas, afinal, círculo vicioso que atingiu milhões de pessoas nos últimos tempos, fazendo do Brasil um campeão da inadimplência.