O senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPMI dos Correios, juntamente com o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) e os relatores-adjuntos Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE), viajaram ontem para Nova York em busca de confirmação dos depósitos de Duda Mendonça.
Em depoimento à CPMI, o publicitário admitiu ter seguido a orientação de Marcos Valério, para abrir uma conta no BankBoston em nome da offshore Dusseldorf, empresa constituída nas Bahamas, conhecido paraíso fiscal das Antilhas.
Na citada conta foram depositados US$ 10,5 milhões do total de US$ 15,5 milhões que Duda Mendonça recebeu de Marcos Valério, em pagamento pelas campanhas eleitorais que realizou para o Partido dos Trabalhadores, incluindo as do presidente Lula e do senador Aloizio Mercadante, em 2002.
Um pedido do governo brasileiro à Promotoria de Justiça de Nova York, por intermédio do Ministério da Justiça, foi acatado pela respectiva instância norte-americana, de modo que os representantes da comissão que investiga a corrupção eleitoral foram aos Estados Unidos, com a finalidade de confirmar indícios do caixa 2 nas campanhas petistas.
A CPMI tencionava reconvocar o publicitário Duda Mendonça, mas a medida acabou preterida pela viagem do presidente e três integrantes da mesma. Tudo leva a crer que após o regresso dos parlamentares Duda será novamente chamado a depor e, nessa ocasião, diante de provas irreversíveis quanto ao dinheiro depositado no exterior.
Quando o relator Osmar Serraglio mencionou a inclusão do presidente Luiz Inácio no relatório final, provocando a histérica reação da senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e imediata operação-abafa por parte de núcleos de influência no Congresso Nacional, imaginou-se que a pressão o faria mudar de idéia.
Antes de embarcar, para deixar as coisas bem definidas, Serraglio voltou a dizer que deverá citar Luiz Inácio, Aldo Rebelo e João Paulo Cunha, atual e ex-presidente da Câmara dos Deputados, tendo em vista a negligência com que os três agiram em relação às denúncias sobre o mensalão.
A postura independente assumida pelo relator da CPMI dos Correios, ao final de longo período de trabalho, é a forma mais conveniente de mostrar à sociedade a seriedade do esforço realizado.
Nas fases posteriores ao relatório, a palavra estará com o Ministério Público e a Justiça, de quem os brasileiros esperam resposta à altura de sua tradição.