O gargalo ainda por ultrapassar por parte das comissões que investigam as denúncias de corrupção no governo e no sistema partidário, ou seja, a origem dos recursos transferidos das contas bancárias do publicitário Marcos Valério para os beneficiários do sistema de irrigação incomoda sobremaneira o presidente da CPMI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Apesar do grande esforço feito pelos sub-relatores, especialmente o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), cujo trabalho sempre esbarra em algum obstáculo intransponível, pouco se conseguiu avançar no terreno da efetiva comprovação da fraude.
Aliás, uma coisa está bem clara: os partidos evoluíram grandemente na construção de um sistema indevassável para operar grandes somas no caixa 2, tornando quase impossível a descoberta da fonte do dinheiro.
O senador Delcídio Amaral está propenso a crer que seu partido, o até agora ínclito Partido dos Trabalhadores, dispõe de caudalosa corrente de recursos num local não identificado em território estrangeiro, pois não há como justificar a facilidade com que Marcos Valério levantou R$ 55 milhões no BMG e no Banco Rural.
Os empréstimos são de fachada, argumentou o presidente da CPMI dos Correios, pois nem os bancos e tampouco o publicitário e seu avalista, o ex-deputado José Genoino, teriam garantias suficientes a oferecer.
Assim, Delcídio supõe que o dinheiro deva ter vindo do exterior para as contas de Marcos Valério e daí, na forma de empréstimos fictícios realizados com a anuência comprometedora dos bancos para a imensa rede operada por Delúbio Soares e Sílvio Pereira, ex-tesoureiro e ex-secretário-geral do PT.
Infelizmente não há provas de que as coisas tenham acontecido dessa maneira. Mas é impossível aceitar que os principais dirigentes do partido dormissem enquanto os bagrinhos se esfalfavam para arrumar o dinheiro. Ora, nem do mais obtuso cidadão se exige crer em versão de tamanho acinte e menosprezo à inteligência.
Partindo do PT, além do disparate inaceitável, a nação ainda é forçada a deglutir pesada carga de insulto.