A Polícia Federal não tem mais dúvida: os R$ 418 mil encontrados por três crianças numa casa da periferia de Natal, no Rio Grande do Norte, fazem parte dos R$ 164,7 milhões furtados do Banco Central de Fortaleza há um ano. De acordo com o delegado Rômulo Berrêdo, titular da Regional de Combate ao Crime Organizado da PF-RN, os antigos proprietários da casa estão sendo investigados.
Cerca de R$ 80 mil estavam numa bolsa de viagem, em um quarto da casa vazia. Os meninos haviam entrado no imóvel para buscar uma bola de futebol que havia caído no quintal e acharam a bolsa, cheia de notas de R$ 50 já mofadas. A Polícia Civil descobriu um buraco no chão de um dos quartos da casa, onde havia uma caixa de isopor com notas de R$ 50 não seqüenciais. A caixa é idêntica às compradas pela quadrilha que fez o furto em Fortaleza, segundo a PF. Ali, cabiam cerca de R$ 700 mil, segundo cálculos da polícia, mas só havia pouco mais de R$ 300 mil.
Coincidência – Maria Erbênia Rodrigues, advogada da atual dona do imóvel, é a mesma que defende dois dos acusados de integrar a quadrilha que furtou o BC: Antônio Jussivan Alves dos Santos (o Alemão) e José Marleudo de Almeida, (o Baixinho). No início do processo, ela também defendia outros os irmãos José Charles e Marcos Rogério Machado de Morais, primos do Alemão.
De acordo com Erbênia, a dona da casa onde foi achado o dinheiro prefere se manter no anonimato. "Ela está grávida. Está com problema de saúde e veio para Fortaleza na casa da mãe há alguns meses", disse Erbênia. A advogada garante que a proprietária do imóvel não tem nenhuma ligação e nem sequer conhece seus clientes acusados de envolvimento no furto milionário. Ainda segundo ela, sua cliente não tinha conhecimento do dinheiro achado pelas crianças.
O furto ao BC em Fortaleza foi o maior da história do País. Foram levados R$ 164,7 milhões por um túnel. Desde então, tinham sido recuperados cerca de R$ 18 milhões, 11% do total. Os primeiros julgamentos do caso, das 23 pessoas denunciadas, deverão acontecer em setembro. Dessas, apenas sete continuam presas, outras sete aguardam julgamento em liberdade e nove permanecem foragidas.
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