A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que não há como a economia do País crescer 5% sem que ocorra uma importante redução no custo do capital, principalmente o de longo prazo. "Ninguém vai investir em um empreendimento de 30 anos com uma taxa de juros muito alta", observou ela durante entrevista ao programa Espaço Aberto, da TV Globo News. Segundo ela, o Brasil já teria todas as precondições macroeconômicas para praticar juros menores. E cobrou: "Nós podemos esperar, no próximo ano, uma redução significativa das taxas de juros", disse a ministra, em aparente resposta à ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ontem voltou a citar o termo "parcimônia" na queda de juros.
Sobre o imbróglio com a colega Marina Silva, do Meio Ambiente, envolvendo a questão da demora para a liberação das licenças ambientais, Dilma Rousseff amenizou. "Se depender de mim, (a ministra Marina Silva) não (cai)", sobre as especulações existentes quanto à saída da ambientalista. "Eu respeito muito o trabalho da ministra Marina, que deu grandes contribuições para o Brasil", ponderou, dando como exemplo a redução ocorrida nos desmatamentos. Ela procurou dividir o ônus da paralisia na construção de hidrelétricas com outras áreas do governo. "A maior eficiência do Ministério do Meio Ambiente deve ser buscada não só ali, mas na Casa Civil, no Ministério dos Transportes, em todos os ministérios.
A ministra enfatizou que o principal entrave para o início das obras tem sido o prazo excessivamente longo para a obtenção de licenças ambientais. Dilma Rousseff disse que é possível se acelerar o processo, sem, contudo, passar por cima das questões ambientais. "O que nós queremos é eficientizar (sic) a gestão e tornar mais efetivas todas as atividades do governo que viabilizem obras de infra-estrutura", propôs a ministra. Ela também criticou o excesso de ações na Justiça, o que acaba atrasando a conclusão das licitações. "A BR-101 no Nordeste, por exemplo, foi interrompida por uma ação judicial. E nós não tivemos outra solução que não transferir para o Exército a realização da obra.
Em uma tentativa de manter o presidente Lula distante da responsabilidade sobre a crise do setor aéreo, a ministra Dilma disse que a crise é de gestão do tráfego aéreo e ocorre dentro da Aeronáutica. "Portanto, o Ministério da Defesa e o comando da Aeronáutica, ambos são responsáveis pela solução dessa questão", sustentou. Ela afirmou ainda que não faltaram recursos financeiros para resolver a crise, pois o presidente Lula teria determinado ao ministro Waldir Pires e ao comandante da Aeronáutica que utilizassem todos os meios, orçamentários ou não para solucionar a questão.