A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, negou, em entrevista concedida no Palácio do Planalto, que o anúncio de uma linha de crédito adicional de R$ 600 milhões para os setores moveleiro, madeireiro e de máquinas e equipamentos agrícolas, feito hoje de manhã pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tenha motivos eleitoreiros. "Isso não é uma questão eleitoral", argumentou. "Não podemos concordar que não estamos governando".
O pacote anunciado, segundo ela, beneficiará especialmente empresários do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais afetados pela valorização cambial. Amanhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará comícios em Porto Alegre e São Leopoldo. Dilma alegou no entanto, que o anúncio, na véspera da visita de Lula ao Rio Grande do Sul, não é para preparar a recepção do candidato à reeleição no Estado. "Esse processo vem de bastante tempo e começou a ser negociado em março", disse ela. "Faz parte de uma ação de governo, e não de uma ação do presidente como candidato".
Para a entrevista dela, no entanto, a assessoria de imprensa da Casa Civil chamou representantes de rádios, TVs e jornais do Rio Grande do Sul, além dos setoristas do Palácio do Planalto. Para ressaltar que a linha de crédito, com juros de 2,8% além da TJLP de 7,5%, prazo de 24 meses e carência de 12 meses, vai beneficiar um setor que, no Rio Grande do Sul, conta com 2.400 estabelecimentos e responde por 26% da produção moveleira nacional. O valor dos empréstimos pode variar de R$ 5 mil a R$ 5 milhões.
A ministra disse, também, que o governo estuda novos pacotes e linhas de financiamento para outros setores, especialmente os ligados à área de infra-estrutura. Questionada se os recursos para "as linhas estruturantes" podem sair até outubro, ela respondeu: "Outubro, porque é o mês das eleições? Não necessariamente". Ela informou, ainda, que fará visitas ao Rio Grande do Sul, a Santa Catarina e ao Paraná, Estados em que os setores beneficiados com a ampliação da linha de crédito são fortes, para discutir as medidas anunciadas com os respectivos setores.
Questionada se o governo é a favor da reeleição, ela disse que ele sempre se posicionou contra, mas que não conhecia nenhuma análise, no Planalto, sobre um projeto em tramitação no Senado que propõe o fim desse instituto. Disse, também, que é a favor de uma mudança na data de posse do novo presidente da República, para que ela não ocorra em 1º de janeiro, como é atualmente.
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